Temor de operação vingança
A corporação também confirmou a morte do cabo Bruno de Paula Costa. Segundo ela, criminosos atacaram a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Fazendinha e atingiram no pescoço o policial durante o confronto. Um outro agente chegou a levar tiro no pé, mas está fora de perigo. Nascido no Complexo do Alemão, o ativista e empreendedor social Raull Santiago disse que, por conta da morte do policial, os moradores temem que a operação – que segue na comunidade – “mergulhe na ideia de ‘operação vingança’, que acaba inflamando ainda mais a coisa e violando muitos moradores nesse caos”.
Desde as 5h, quando a ação dos agentes teve início, eles já descrevem um “cenário de guerra“, com intenso tiroteio em vários pontos da comunidade e uso de helicópteros e caveirões. O fundador do jornal Voz das Comunidades Rene Silva compartilhou imagens em seu Twitter em que policiais aparecem atirando de dentro das lajes dos moradores. De acordo com o comunicador, há muitas denúncias de que a PM vem invadindo as casas. Por outro lado, os moradores temem retaliação e estão com medo de se expor.
AGORA NO COMPLEXO DO ALEMÃO: As denuncias de moradores relatando que policiais estão invadindo suas casas, continuam! Há muito receio de retaliação por parte da PMERJ e alguns estão pedindo ajuda, mas com muito medo de se expor. pic.twitter.com/dFUpS2FTY3
— Rene Silva (@eurenesilva) July 21, 2022
Em nota, a Polícia Militar afirmou ter enviado 400 policiais para a ação, quatro aeronaves e 10 blindados. Ao G1, o tenente-coronel Ivan Blaz, porta-voz da corporação, alegou que operação do Bope e do Core, grupos de elite da PM e da Civil, se fez necessária por conta de ações criminosas de um grupo que vem atuando no roubo de cargas. “Os marginais dessa comunidade vêm desempenhando (essas ações) em diferentes pontos do estado do Rio Janeiro”, disse ele.
‘Cenário de guerra’
A operação no Complexo do Alemão, no entanto, começou quando moradores já estavam a caminho do trabalho. Alguns tiveram de se abrigar no chão dos ônibus para se proteger do tiroteio. Ativistas sociais também falam em “guerra os pobres”, com denúncias de que há moradores passando mal impedidos de receber socorro. “É muito grave o que está acontecendo na favela. Mortes aos montes. Violências de diversas formas direcionadas ao morador. Falta de luz. Há pessoas feridas dentro de casas tentando nos pedir socorro. Que desespero!”, descreveu Santiago.
Nas redes sociais, parlamentares e outras lideranças sociais também repercutem a nova operação como mais uma “violação de diretos” a mando do governador do Rio, Cláudio Castro (PL). O chefe do Executivo é acusado de usar das ações policiais em comunidades e favelas para “espetáculos violentos”. Até o momento, Castro lamentou apenas a morte do policial.
Não é no Afeganistão ou muito menos na guerra da Ucrânia, trata-se do Complexo do Alemão, no Hell de Janeiro. pic.twitter.com/HWgxXC6Uyc
— Alfred Newmann, o conservador (@pmarcelo1972) July 21, 2022