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Operadoras de Telecom se juntam em ofensiva contra os trabalhadores do setor

Oi, Vivo, Claro, TIM e Algar Telecom se recusam a atender a proposta dos trabalhadores e trabalhadoras contida na pauta de reivindicações para um novo Acordo Coletivo de Trabalho (ACT)

Publicado: 25 Setembro, 2023 - 12h42 | Última modificação: 25 Setembro, 2023 - 12h54

Escrito por: Tânia Trento - Sinttel (ES) | Editado por: Rosely Rocha

Reprodução
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A Campanha Salarial nas Operadoras de Telecom para renovação dos Acordos Coletivos de Trabalho (ACTs) 2023/2025 tem se revelado um descaso e desrespeito nesse lucrativo setor de Telecom, afirmam os Sinttel, sindicatos que representam os trabalhadores em telecomunicações.

A data base da categoria é 1º de setembro. Porém, nas gigantes do setor, até agora só a Vivo propôs reajuste de 2,5% em agosto do ano que vem. “É um delírio”, segundo os representantes dos trabalhadores e trabalhadoras, pois esse índice não repõe as perdas salariais do período (de setembro de 2022 a agosto de 2023), que é de 4,06%.

A Claro, num “delírio ainda maior”, propôs manter o ACT, mas esse acordo precisa ser rediscutido na sua totalidade, pois a categoria está há mais dois anos sem qualquer reajuste. É zero por cento para salários e benefícios. A empresa ainda tem um discurso mentiroso de que a geração de receita não acompanha o crescimento das despesas e que teme o futuro. Uma possível reunião pode ser realizada na próxima quinta-feira (27).

A TIM, apesar de ter realizado duas reuniões, também não propôs nada e marcou uma mesa presencial no Rio de Janeiro para a primeira semana do mês de outubro.

A Algar Telecom, que detém 2% do mercado, ofereceu o Índice Nacional dos Preços ao Consumidor (INPC) integral de 4,06% para salários e benefícios para o mês de janeiro de 2024, o que foi rejeitado pela representação dos trabalhadores e trabalhadoras.

Pauta de Reivindicações

As comissões de trabalhadores da Federação LiVRE, que reúne os Sinttel, representantes da categoria nos estados de Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Rondonia, enviaram a pauta de reivindicações com apenas oito itens no início de agosto para as operadoras Algar, Angola Cables, Oi, Vivo e TIM. São eles:

1.Reajuste de 5% nos salários. O INPC no período é de 4,06%.

2.Reajuste de 10% nos benefícios;

3.Ajuda de custo de R$ 250,00 mensais para os trabalhadores em regime de home office (teletrabalho);

4.Licença paternidade de no mínimo 10 dias (para quem ainda não tem);

5.Negociação coletiva em caso de reestruturação que levem a demissões;

6.Homologações das rescisões contratuais com a participação da entidade sindical;

7.Obrigatoriedade de as empresas prestadoras de serviços cumprirem as convenções e/ou acordos coletivos já existentes. Após a aplicação do reajuste reivindicado acima, o benefício alimentação terá seu valor unificado para todos e pelo teto;

8.Manutenção de todas as demais cláusulas dos atuais Acordos Coletivos de Trabalho.

Empresas são lucrativas

Os sindicatos denunciam que as empresas ignoraram as reivindicações e fazem um jogo combinado para não reajustar salários, esticando e protelando o fechamento dos acordos coletivos.

As telerreuniões se resumem em conversa, mas sem avanços. Apesar do o momento político e econômico atual do país que não é negativo,  as operadoras fazem avaliações equivocadas e muito pessimistas do cenário econômico encenando justificativas para a falta de propostas que atendam minimamente às reivindicações da Federação Livre de Trabalhadores em Telecom. 

Já para o mercado, tanto a filha mexicana Claro Brasil, como a espanhola Telefónica Vivo, por exemplo, estão com suas contas saudáveis. Os resultados apresentados no segundo trimestre/2023, apontam aumento da receita operacional líquida de 7,5% (R$ 11,3 bilhões) na Claro e 7,6% (R$ 12,73 bilhões) na Vivo.

Já a italiana TIM teve lucro líquido normalizado de R$ 638 milhões e crescimento de 9,2% na receita operacional líquida.

A Agência de Investimento XP vem chamando a Vivo e a TIM de “príncipes” da bolsa de valores, devido à valorização de suas ações. A Vivo vendeu suas torres por R$ 641 milhões e teve crescimento da receita em 10,4% acima da inflação.

A proposta da Oi, que foi a maior e mais importante operadora de Telecom do país, hoje atrás de Vivo, Tim e Claro, ainda é uma incógnita, pois a primeira reunião está agendada para o dia 29 de setembro.

As Comissões de Negociações da Federação LiVRE não abrem mão de reajustes salariais e nos benefícios na data base, setembro. Os trabalhadores e trabalhadoras querem acabar com a discriminação nos auxílios-alimentação, que têm valores diferenciados para trabalhadores de Loja, Campo, Atendimento e Administrativos em algumas empresas. Querem ainda a valorização da ajuda de custo para o Teletrabalho, conquistar Auxílio-creche para os empregados (pais), acompanhar as rescisões de contrato e que as empresas contratadas (terceirizadas) respeitem as Convenções e Acordos Coletivos locais.

A Federação LiVRE aguardará as próximas reuniões para ver se as operadoras sentarão à mesa de negociação com o respeito devido e proposta robustas para as reivindicações.

As empresas se juntaram para pressionar e explorar ainda os trabalhadores, mas os sindicatos já estão unidos para resistir e enfrentar com grandes mobilizações mais essa ofensiva dos patrões.