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Osmar Terra e Onyx, ex-ministros de Bolsonaro, ganharam relógios de luxo dos árabes

Mimo está em “desacordo com o princípio da moralidade pública”, segundo o Código de Conduta da Alta Administração Federal. Resolução da Comissão de Ética da Presidência

Publicado: 10 Março, 2023 - 10h50 | Última modificação: 10 Março, 2023 - 10h56

Escrito por: CUT-RS | Editado por: Marize Muniz

Montagem CUT/RS
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Assim como outros integrantes da comitiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que visitou o Catar, em outubro de 2019, os ex-ministros Osmar Terra (Cidadania) e Onyx Lorenzoni (Casa Civil) ganharam de presente de autoridades árabes relógios de luxo  Hublot e Cartier, avaliados na ocasião em até R$ 53 mil cada.

O recebimento de presentes de uso pessoal com elevado valor comercial “extrapola os limites de razoabilidade”, entende o Tribunal de Contas da União (TCU) que, junto com a Comissão de Ética Pública da Presidência da República, divulgou a lista de presentes.

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Além dos ex-ministros gaúchos, também foram presenteados com os relógios de grife Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores).

Outros membros da comitiva também receberam o mimo em atitude que está em “desacordo com o princípio da moralidade pública”, segundo o Código de Conduta da Alta Administração Federal. Resolução da Comissão de Ética da Presidência também é contra o recebimento de itens pessoais de grande valor, como no caso dos relógios.

Até agora, apena um, o ex-secretário da Assessoria Especial de Relações Institucionais do antigo Ministério da Economia, Caio Megale, reconheceu o erro e mostrou disposição de devolver o presente. Ele procurou o Ministério da Fazenda com o objetivo de devolver o relógio de luxo.

No geral, nenhum membro do governo Bolsonaro  explicou por que foram agraciados e não declararam na Receita Federal quando voltaram ao Brasil, levantando indícios de propina e contrabando.

Onyx e Osmar Terra, que costumam fazer discursos contra a corrupção, silenciaram e nada comentaram sobre os seus relógios de luxo contrabandeados.

A Comissão de Ética Pública, com membros indicados por Bolsonaro, analisou o caso em 2022, a pedido do deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), porém decidiu que os membros da comitiva não precisavam devolver os presentes.

A decisão, no entanto, difere da tomada pelo TCU, que no último dia 1º de março aprovou acórdão, recomendando a devolução dos relógios.

De acordo com o órgão, os presentes foram entregues sem cobrança do devido tributo alfandegário.

Quem são Osmar Terra e Onyx

Osmar Terra é médico gaúcho. É deputado federal (MDB) e exerce o seu sexto mandato. Além de ministro bolsonarista, foi também ministro do Desenvolvimento Social, durante o governo ilegítimo de Michel Temer (MDB). É um dos maiores defensores de Bolsonaro e fez forte campanha contra a vacinação contra a Covid-19 no país. 

Ex-deputado federal (PL) e bolsonarista, Onyx é veterinário e empresário. Além da Casa Vil, foi ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Cidadania e Trabalho. Foi derrotado no segundo turno das eleições de 2022 para governador do Rio Grande do Sul. 

Na Câmara, assim como Osmar Terra, Onyx votou a favor da reforma da Previdência, que acabou com o sonho de milhões de trabalhadores e trabalhadoras de se aposentar. Também votou a favor da reforma trabalhista, que tirou direitos, precarizou o mundo do trabalho e empobreceu a classe trabalhadora.

Catar

O Catar, origem dos relógios de luxo presenteados à delegação brasileira, é um país governado pela Casa de Thani, um emirado absolutista. Ganhou salvo conduto da FIFA, durante a Copa do Mundo 2022, mas é acusado de ser uma ditadura sanguinária. 

O regime, que presenteou as autoridades brasileiras, persegue a comunidade LGBTQI+, desrespeita os direitos das mulheres e não permite a existência de oposição. Mantém vários presos políticos e foi denunciado de cometer maus tratos a trabalhadores migrantes que ajudaram a construir os estádios para a Copa.