Escrito por: Redação CUT
Além dos protestos, população está tentando impedir instalação de hidrômetros nas calçadas de suas casas e Câmara instalou CPI para investigar concessão
Neste sábado (28), a população de Ouro Preto estará de novo nas ruas para protestar contra as altas tarifas de água na cidade. O ato na Praça da Estação é um retratro da revolta popular contra a privatização do saneamento básico que pode impactar muito os orçamentos das famílias.
Tudo começou quando o consórcio que agora cuida da prestação do serviço em Ouro Preto começou a colocar hidrômetros nas calçadas das residências e comércio para medir o gasto de água e enviar as novas e salgadas contas para o povo pagar.
As simulações dos valores das novas faturas de água mostram que famílias que antes pagavam uma Taxa Básica Operacional (TBO) de R$ 22, agora terão que arcar com contas superiores a R$ 250, em média.
A população tem resistido à instalação de hidrômetros e se uniu a movimentos sociais para exigir do poder público a saída da empresa privada que ganhou a concessão dos serviços no município.
Pelo contrato com a prefeitura, a cobrança por hidrometração só pode começar a ser feita quando a empresa instalar o aparelho de medida de consumo em pelo menos 90% das casas, comércios e demais estabelecimentos.
O grupo "Patrulha da Água" está fazendo coleta de assinaturas dos moradores e o "Comitê Sanitário Popular" está conscientizando a população para que não permita a instalação de hidrômetros, como forma de fazer o consórcio desistir de ficar na cidade, segundo reportagem do BdF-MG.
Na "Carta do povo de Ouro Preto: Roubam nosso minério e agora querem nossa água", publicado no site da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Ouro Preto (ADUFOP), os professores criticam a privatização e dizem que, se consumada, vai tirar um direito básico da população, que é o direito a água.
"A privatização da água, se cabalmente completada pela atual gestão da prefeitura, além da continuidade da mais descarada política entreguista de nosso patrimônio, representará a retirada de um direito básico da população: o direito de acesso à água potável. A cobrança proposta afetará de forma mais grave os mais pobres, levando ainda mais miséria para a população, que já sofre todas as mazelas da maior crise econômica, social, política e sanitária da história".
Em outra frente de luta, a licitação para a concessão dos serviços está sendo investigada por uma Comissão Parlametnar de Inquérito (CPI), instalada na Câmara dos Vereadores.
Entenda o que aconteceu
Em 2019, o então prefeito Júlio Pimenta (MDB) extinguiu o Serviço Municipal de Água e Esgoto de Ouro Preto (SEMAE-OP).
O serviço foi entregue por meio de uma concessão de 35 anos, à empresa Ouro Preto Serviços de Saneamento (Saneouro). A Saneouro é um consórcio formado entre a GS Inima Brasil, subsidiária da GS Inima Environment, controlada pelo grupo sul-coreano GS E&C, e as empresas mineiras MIP e EPC.
A luta do povo
A população já fez atos, caminhadas, panfletagens, abaixo assinados e protestos. Além disso, desde o dia 24 de julho, um grupo de manifestantes ouropretanos, integrantes da Ocupação Chico Rei e organizados no Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) estão acampados na Praça Tiradentes, principal ponto turístico da histórica Ouro Preto, para denunciar a situação.
No último sábado (21), diversos movimentos sociais da cidade realizaram uma caminhada pelo "Fora Saneouro". Os manifestantes se concentraram às 10h na Praça da Estação e caminharam até a Praça Tiradentes com cartazes, faixas e palavras de ordem contra a privatização da água.
ONDAS
O ONDAS acompanha de perto a luta do povo ouro-pretano e junto com a Associação de Proteção Ambiental de Ouro Preto (APAOP), está ajudando na organização e realização do “Seminário sobre a prestação dos serviços de água e esgotos em Ouro Preto: impasses, desafios e perspectivas”.
O evento é aberto e será realizado em formato online, com transmissão ao vivo pelo Youtube e pelo Facebook da APAOP. Os nteressados podem se inscrever antecipadamente neste link para receber a notificação das lives nos dias do evento.
No período de 2 a 22 de setembro, encontros semanais, sempre às 19h, reunirão membros do ONDAS e atores locais em debates sobre aspectos técnicos, legais e políticos sobre a prestação de serviços de saneamento, bem como caminhos e implicações para a eventual retomada dos serviços pelo município.
Confira aqui a programação.
Com informações do BdF.