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Pais de Marielle falam sobre violência sofrida pela filha e por Lula

Em Curitiba, Antonio Francisco da Silva Neto e Marinete da Silva visitam os militantes que se solidarizam com Lula. 'Mataram Marielle para que ela não fosse um Lula de saia'

Publicado: 05 Setembro, 2018 - 09h26 | Última modificação: 05 Setembro, 2018 - 09h32

Escrito por: Redação RBA

REPRODUÇÃO FACEBOOK
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Os pais da vereadora carioca Marielle Franco (Psol), assassinada em março, passaram o dia de hoje (4) em Curitiba. Na capital paranaense, visitaram a Vigília Lula Livre e o Acampamento Marisa Letícia, ambos em solidariedade ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso na sede da Polícia Federal local desde abril. Antonio Francisco da Silva Neto e Marinete da Silva fizeram paralelos entre a violência sofrida por sua filha e a prisão de Lula.

“Fizeram isso com Marielle para que ela não fosse um Lula de saia”, disse seu pai. Marinete completou: “Era uma mulher que lutava contra tudo e todos por um bem maior, em um país onde não tem democracia. Prendem um presidente, não se leva em conta a presunção de inocência e assassinam uma mulher como Marielle. Não dá para entender o que vem se passando. Então, basta resistir e transformar o luto em luta”.

Em atividades desde o início da tarde, os pais de Marielle estão em Curitiba, especialmente, para a inauguração do Centro de Formação e Cultura Marielle Vive. O espaço integra o conjunto de instalações do Acampamento Marisa Letícia, a cerca de 100 metros do prédio da Polícia Federal. Lá, serão exibidas obras como retratos de lideranças da esquerda como Karl Marx, Rosa Luxemburgo e a própria Marielle. Com capacidade para 150 pessoas, o local ainda servirá como sala aberta de cinema.

O Centro de Formação foi organizado por militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ao longo de 70 dias, em parceria com o Partido dos Trabalhadores, a CUT, a Via Campesina, a Federação Única dos Petroleiros (FUP), entre outras entidades, movimentos populares e coletivos de mídia alternativa.

Marinete deixou o agradecimento da família pelo empenho em preservar a memória de Marielle e levar à frente seu legado de lutas. “Somos muito gratos ao MST e à Anistia Internacional que vêm nos apoiando muito. Estão levando o nome da minha filha mais longe. Nos curvamos a tudo que os movimentos sociais têm feito. Agradeço pessoalmente. Isso nos fortalece e nos dá forças para sobrevivermos. Não vamos deixar que o legado de Marielle passe.”

Ordem jurídica

Além da visita dos pais de Marielle, o dia em Curitiba foi marcado pela visita do deputado federal Wadih Damous (PT-SP). Ao deixar o prédio da PF, Damous lamentou a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que na sexta-feira (31) impugnou a candidatura de Lula ao pleito presidencial de outubro. “Essa é a primeira visita que faço a Lula após o lamentável julgamento do TSE na semana passada. Então, essa visita é de solidariedade. Vimos uma vergonha, vimos o TSE à margem do direito, sobretudo, através do voto do ministro Roberto Barroso. Não foi voto, foi um panfleto político. Não vimos direito, ordem jurídica, regras constitucionais ou obediência à ONU.”

Damous classificou a decisão como “escárnio e deboche”. “É uma vergonha o tratamento com Lula. Injusto. Como se Lula não pudesse ter dois direitos. Não pode ser livre e candidato ao mesmo tempo. Ele tem que escolher um dos direitos. Querem que ele abra mão do direito de ser candidato. Mas ele tem direito às duas coisas. Deixo o desafio para que o STF examine a farsa jurídica e declare Lula inocente. Que tenha direito a um julgamento justo”, completou.

Mais cedo, o ex-presidente deixou uma mensagem aos brasileiros que foi divulgada nas redes sociais por seu partido e assessoria. Lula reforçou as críticas ao Judiciário. "Não me conformo de ter sido condenado e estar na Ficha Limpa por um crime que não existiu. Os tribunais superiores, que poderiam reparar a injustiça julgando o mérito antes das eleições, não pautam a votação. Vão julgar quando eu já tiver sido alijado do processo eleitoral?"

Entrevista

Outro fato que marcou o dia foi a divulgação do áudio completo da entrevista concedida pelo ex-presidente aos jornalistas Juca Kfouri e Maria Inês Nassif, ao professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC) Gilberto Maringoni e à editora e fundadora da Boitempo, Ivana Jinkings, antes de ser preso. Da conversa, saiu o livro A Verdade Vencerá: O povo sabe por que me condenam (Boitempo, 2018).

O material foi divulgado pelo canal de podcast AntiCast. Em pouco mais de três horas, Lula fala sobre sua história e sobre os processos que responde, os quais considera farsescos e perseguição política. "Vão tentar colocar o PT na ilegalidade. Estou alertando sobre isso. Não tenho dúvidas de que o Power Point que o Ministério Público montou para me condenar, quem montou foi o Fantástico e a Rede Globo. Inventam mentiras tão grotescas", afirma.

"Quero que provem por que chamam o PT de organização criminosa. Pergunto qual crime o PT cometeu (...) Quando eu era presidente, tinha um blog Morte ao Lula. Obviamente sei que tem parte da população que não quer saber do PT, como tem parte que não quer saber do PSDB. O ódio só muda com o exercício da política. Grupos sectários têm pouco tempo de existência, como o Movimento Brasil Livre (MBL). É de uma cretinice e de uma imbecilidade que não levam a sério. Há um radicalismo mas, em pouco tempo, as pessoas vão se cansar", completou.