Palestinos protestam contra mudança da embaixada brasileira em Israel
Palestinos protestaram nesta quarta-feira (7), em Ramallah, contra proposta de Bolsonaro de mudar a embaixada do Brasil em Israel, de Tel Aviv para Jerusalém
Publicado: 07 Novembro, 2018 - 15h45
Escrito por: Redação CUT
Um grupo de manifestantes fez um protesto nesta quarta-feira (7) em frente à representação do Brasil no Estado da Palestina, na cidade de Ramallah, contra a proposta do presidente eleito, Jair Bolsonaro, de mudar a embaixada do Brasil em Israel, de Tel Aviv para Jerusalém.
Do lado de fora, manifestantes seguravam cartazes com frases em inglês, árabe e português, com dizeres como ”Brasil, respeite para ser respeitado”, . “Brasil reconhece Palestina com fronteiras desde 1947” e “Transferir embaixada para Jerusalém desrespeita resolução da ONU”.
Dentro, representantes da Força Islâmica entregaram um manifesto repudiando a proposta de Bolsonaro a André Cortez, ministro conselheiro do posto brasileiro em Ramallah, que o Brasil mantém, além da embaixada em Tel Aviv, em respeito à Palestina e como demonstração de neutralidade diplomática no conflito no Oriente Médio.
Ao criar o Estado de Israel, em 1948, a ONU não reconheceu Jerusalém como capital dos judeus.
Enquanto judeus consideram Jerusalém sua capital, os palestinos querem que a cidade seja a futura capital do Estado da Palestina que ainda não foi criado.
A anexação de Jerusalém orientação por Israel, após a guerra de 1967, nunca foi reconhecida pela comunidade internacional, para a qual o estatuto da cidade santa deve ser negociado pelas duas partes e as embaixadas não devem se instalar ali enquanto não se chegar a um acordo.
Para garantir a neutralidade em relação a Jerusalém - local é sagrado para as três maiores religiões monoteístas: a judaica, islâmica e cristã -, todos os países, exceto os Estados Unidos e a Guatemala, mantêm suas embaixadas em Tel Aviv.
Os Estados Unidos transferiram o local da embaixada por decisão do presidente Donald Trump e a Guatemala foi atrás. O Paraguai, que chegou a transferir sua embaixada, voltou atrás.
Assim que Bolsonaro anunciou sua decisão de transferir a embaixada brasileira, os países árabes, aliados aos palestinos e parceiros comerciais do Brasil na compra de carne branca e vermelha, ameaçaram retaliações. Isso significa cortar a importação dos produtos brasileiros. Se isso acontecer, o Brasil também pode perder US$ 7,1 bilhões de superávit comercial com os 21 países árabes e 2,8 milhões de empregos correm risco.
O Egito, um dos países mais moderados do mundo árabe, cancelou de última hora uma visita do chanceler Aluízio Nunes Ferreira e de uma comitiva de empresários brasileiros que têm negócios na região.
Diante das reações, Bolsonaro disse que ainda pode rever sua intenção e tomou duas providências: apressou a escolha do futuro chanceler e está selecionando um assessor especialmente para a área externa. Já não era sem tempo.