Escrito por: Instituto Lula
Papa Francisco acusou a prática ainda em curso em alguns países de usarem falsos testemunhos para manipular a opinião pública e “fazer justiça” com fins políticos
Na missa da última terça-feira (28), o Papa Francisco acusou a prática ainda em curso em alguns países de usarem falsos testemunhos para manipular a opinião pública e “fazer justiça” com fins políticos. O pontífice citou textualmente um exemplo atual: “Também hoje vemos isso: em alguns países, quando se quer fazer um golpe de Estado ou tirar um político para que não participe das eleições, por exemplo, se faz o seguinte: espalham notícias falsas, calúnias. Posteriormente [o processo] cai com juiz daqueles que gostam de criar jurisprudência com este positivismo ‘de situação’ que está na moda, e depois condena”.
Há dois anos, em outra missa, o papa já havia criticado intrigas da mídia e o uso da Justiça para ações que levam a golpes de Estado. A fala anterior teve ampla repercussão no Brasil, já que ocorreu em 17 de maio de 2018, 40 dias após a prisão do ex-presidente Lula num processo criticado por juristas do mundo todo e que começou justamente com uma condenação via imprensa.
Nesta terça, dia 28, Francisco dedicou sua homilia a comentar a passagem bíblica do julgamento de Estevão, considerado o primeiro mártir da igreja católica. Segundo a bíblia, Estevão foi um dos sete homens escolhidos pelos próprios apóstolos para serem diáconos da Igreja Primitiva de Jerusalém. Vítima de blasfêmias e falsos testemunhos, ele foi apedrejado até a morte em um julgamento de fachada, no qual sua defesa foi ignorada.
Entre os exemplos históricos, o papa cita o massacre de judeus durante a Segunda Guerra. “O holocausto é um caso desse tipo: foi criada a opinião contra um povo e depois virou normal [dizer]: ‘Sim, sim: devem morrer, devem morrer’. Esse é um modo de proceder para eliminar as pessoas que incomodam”.
Justiça sob pressão
Em casos assim o juiz, disse o papa, precisa ser muito corajoso para ir contra essa condenação prévia, feita fora dos tribunais. “É o caso de Pilatos: Pilatos viu claramente que Jesus era inocente, mas viu o povo e lavou as mãos.” Segundo Francisco, esse foi o mesmo procedimento que foi feito com Jesus: “O povo que estava ali, buscou convencer de que era um blasfemo e eles gritaram: ‘Crucifica-o’”. “Uma brutalidade, partir de falsos testemunhos para se chegar a ‘fazer justiça’”. E segue: “A verdade é clara, é transparente. A verdade não tolera as pressões".
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