Papa Francisco recebe Chico Buarque e se preocupa com perseguições judiciais
Líder da Igreja Católica recebe relatório sobre a situação do Estado de direito na América Latina, onde lideranças são "submetidas a investigações parciais" e "violações"
Publicado: 12 Dezembro, 2018 - 18h36
Escrito por: Redação RBA
O papa Francisco está preocupado com o uso da Justiça por interesses políticos na América Latina. Nesta quarta-feira (12), o sumo pontífice recebeu, no Vaticano, o compositor Chico Buarque, a advogada Carol Proner, o advogado argentino Roberto Carlés e a escritora italiana Grazia Tuzi. Eles entregaram um relatório detalhado sobre processos judiciais que condenam lideranças do campo democrático no continente.
O líder católico disse estar preocupado com o Estado de direito em diferentes países, especialmente com o uso do lawfare, que é o uso violento do sistema de Justiça com objetivos políticos. Seria o caso de processos movidos contra três ex-presidentes latino-americanos: Luiz Inácio Lula da Silva, Rafael Correa (Equador) e Cristina Fernández Kirchner (Argentina).
O grupo conversou com o papa por 45 minutos. “O motivo da reunião foi a entrega de um informe elaborado pela Associação de Juízes para a Democracia do Brasil, junto de outros juristas, sobre a situação do Estado de direito na América Latina”, disse Carlés ao jornal Vatican Insider. A visita também foi destaque em outros grandes periódicos, como o La Stampa, da Itália.
Carlés destacou ao jornal que a maioria dos processos envolvendo lideranças políticas e sociais nos últimos anos “estão submetidas a investigações parciais, com violações de garantias constitucionais e uma aberta violação ao Estado de direito, como se vê em distintos países”. Ele ainda disse que o papa “com certeza compartilha dessa preocupação”.
O La Stampa lembra que o papa já se posicionou com veemência contra a corrupção, chegou a editar documentos papais sobre o tema. Entretanto, afirma o periódico, “os ex-presidentes mencionados enfrentam múltiplas acusações de corrupção, incluindo um deles, o brasileiro, que está preso após um processo judicial questionado por organizações e juristas de alto nível internacional”.
Outro fato de destaque para o jornal é um ponto em comum a todos os ex-presidentes: “Possuem grande capital político e poderiam competir (em eleições) para ganhar”.