Escrito por: Isaías Dalle

Para CUT, ataque ao MST fortalece manifestações do dia 11

Opinião é do presidente da Central, Vagner Freitas

Latuff/Diário do Centro do Mundo
Lutar não é crime

“Uma atuação sem nexo, um ato criminoso por parte da Polícia Civil de São Paulo”, afirmou o presidente da CUT após ter visitado, no início da tarde desta sexta, a Escola Nacional Florestan Fernandes, do MST, que havia sido invadida por policiais civis, armados até os dentes, no período da manhã.

Na opinião de Vagner, uma das intenções do ato truculento é tentar intimidar e enfraquecer o Dia Nacional de Greves, marcado para o próximo dia 11 em todo o Brasil. “Mas, ao contrário do que pensam, isso coloca mais energia em nossa mobilização. Enfrentamos a ditadura militar e vamos enfrentar a ditadura da toga e da mídia. Estão nos impondo um estado de exceção, mas não dobrarão nossos joelhos”, diz o dirigente.

Plenária nesta sexta, na sede da escola de formação do MSTAo longo do dia, diferentes lideranças estiveram na sede da escola para prestar solidariedade. Parlamentares como Nilto Tattto e Ivan Valente e dirigentes e militantes dos movimentos sociais, entre eles o presidente da CUT-SP, Douglas Izzo, a secretária nacional de Políticas Sociais da CUT, Jandira Uherara e Cibele Vieira, da Federação Única dos Petroleiros (FUP), decidiram organizar novo ato de apoio ao MST para amanhã, sábado, a partir das 15h.

Sem mandado

Os policiais invadiram a escola sem mandado judicial. “É a trajetória do golpe, tal como denunciado pela CUT desde antes do impeachment de Dilma”, afirma Vagner. A atitude também reflete posicionamento do STF, em julgamento relatado por Gilmar Mendes em novembro de 2015, que permite a entrada em domicílio sem mandado, desde que as “autoridades policiais” acreditem que há um crime sendo cometido no interior da propriedade (leia mais aqui). O que já valia, na prática, nas batidas policiais em favelas e periferias, ganhou dessa forma o aval do Supremo.

Escola da democracia

A Florestan Fernandes dá cursos de formação política para brasileiros e estrangeiros. É, como ressaltado pela CUT em nota divulgada hoje, “reconhecida internacionalmente”. A história de sua construção já é, por si só, uma aula de democracia. Fruto de mutirão, desde a terraplanagem do terreno, a obra teve apoio de artistas como Sebastião Salgado, Chico Buarque e o Nobel de Literatura José Saramago, que doaram a renda do livro “Terra” para o projeto.

No momento da invasão de hoje, estudantes de outros países sul-americanos e africanos participavam de um curso. Para Vagner, a “esquerda brasileira está unida”. O presidente da CUT convoca todos a participarem das mobilizações do dia 11. “Você vai esperar o quê? Perder o emprego? Perder sua aposentadoria? Temos de cruzar o braços. Participe”, afirma.