Escrito por: Luiz Carvalho
Semana terá peças de teatro, música e exposições em todo país
Semana complicada, né? Nossa seleção caiu na Copa do Mundo de Futebol Feminino, os juros baixaram, mas uma merreca, e vimos 16 famílias (segundo números oficiais) chorarem a vida de amigos, pais e filhos assassinados no Guarujá, litoral Sul de São Paulo, enquanto policiais comemoravam.
Uma entidade que nasceu durante a ditadura, como é o caso da CUT, formada por sindicalistas que sentem na pele o que é lutar por direitos, muitas vezes mesmo sob a covardia das forças de segurança deste país, não pode e não irá se calar enquanto essas mortes não foram solucionadas.
Eu sei, você veio aqui em busca de dicas culturais, mas é importante a gente entender qual o tipo de cultura que buscamos e defendemos. A gente adora dançar até o chão, mas também se emociona quando uma obra ajuda a transformar pessoas.
Como canta O Rappa em “Todo camburão tem um pouco de navio negreiro”, uma das dicas culturais da semana, o racismo e a discriminação social norteiam as relações em nossas vidas e esperamos que as peças, canções, poemas e todas as formas de arte também sirvam para nos manter alerta e em estado de utopia. Para que nunca deixemos de acreditar em nossa própria capacidade de refundar o mundo.
Sigamos em luta.
Em “Para meu branco”, peça de autoria de Rodrigo França (também diretor) e Mery Delmond, inspirada no livro homônimo, em cartaz no Rio de Janeiro, um episódio de racismo entre crianças inspira a discussão sobre as origens da discriminação racial e social e o que é ser antirracista.
A obra adota um formato de apresentação que não separa plateia e atores para expor o público ao questionamento: afinal, de qual lado você fica nesse debate?
Divulgação
Quando: 27 de julho a 20 de agosto de 2023
Quinta a domingo, às 20h
Onde: Arena do Sesc Copacabana
Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana, Rio de Janeiro
Quanto: R$ 7,50 (associado do Sesc), R$ 15 (meia-entrada), R$ 30 (inteira)
Festival terá apresentação de estudantes e professores de escolas públicas
O Centro Cultural São Paulo receberá a primeira edição do Festival Literário da Secretaria Municipal de Educação (Fli Sampa), que contará com estudantes e educadores de escolas públicas paulistanas para realizar atividades como batalhas de poesia, contações de história, saraus e peças teatrais.
Com o tema “Educação e Cultura”, o encontro segue até domingo e a entrada é gratuita
1º Fli Sampa
Quando: 2 a 5 de agosto
10h às 20h, exceto no dia 5 (sábado), que funciona das 14h às 19h
Onde: Centro Cultural São Paulo, na Rua Vergueiro, 1000, Paraíso – SP
Quanto: Gratis
Forró, música instrumental e gafieira no Rio Grande do Norte
Essa dica vem da nossa companheira Concita Alves, lá do Rio Grande do Norte, onde o final de semana será de muita música boa.
No sábado, tem forró no Mercado da Agricultura Familiar com a banda Fuxico da Feira e Sanfoneira Carol Benigno.
Mas se você “cintura dura” pode escolher ouvir música instrumental com Carlos Zens & Venâncio Dantas e Dudu Campos, que apresentarão show comemorativo pelos 50 anos do lançamento do disco Clube da Esquina. A apresentação rola também no sábado, no auditório do Parque da Cidade.
Já quem curte gafieira vai se esbaldar no domingo com “Dois Pistons na Gafieira”, show que traz os músicos José Marcone, Wanderley Amaro, Ricardo Baya (guitarra) e Silvio Franco (percuteria). Vai ser no Bosque dos Namorados.
Onde?
Forró no Mercado da Agricultura Familiar, às 12h
Banda Fuxico de Feira e da Sanfoneira Carol Benigno.
Endereço : Rua Jaguarari, 2454 - Lagoa Nova – Natal
Quanto: Grátis
Concertos Potiguares, às 16h
Música instrumental com Carlos Zens & Venâncio Dantas e Dudu Campos
Onde: Auditório do Parque da Cidade (Rua São Miguel – Cidade Nova – Natal)
Quanto: Grátis
Domingo
Som da Mata
“Dois Pistons na Gafieira”, show com os músicos José Marcone, Wanderley Amaro, Ricardo Baya (guitarra) e Silvio Franco (percuteria).
Onde: Parque das Dunas - Bosque dos Namorados
Avenida Almirante Alexandrino de Alencar, s/n – Tirol – Natal
Quanto: R$ 1 (taxa de acesso ao parque)
Fábricas de Cultura e unidades do SESC têm homenagem aos povos indígenas
Como parte das necessárias reflexões sobre o 9 de agosto, Dia Internacional dos Povos Indígenas, as Fábricas de Cultura de São Paulo e unidades do SESC promovem uma rica programação que inclui shows, debates e exposições para discutir aspectos como colonialismo, resistência cultural e valorização das raízes brasileiras.
Em tempos de Cúpula da Amazônia, as atividades são essenciais para que possamos saber mais sobre nós mesmos e como o genocídio apagou muito da nossa história, sempre contada a partir do ótica do colonizador.
Dentre as atividades, destacamos a exposição “Pindorama: existem indígenas em São Paulo”, com uma série de fotomontagens da artista Moara Tupinambá de retratos de indígenas que vivem em contexto urbano.
Pindorama: existem indígenas em São Paulo
Mostra de Moara Tupinambá
Quando: 5 de agosto a 14 de outubro
De terça quinta-feira, das 10h às 21h30, sextas e sábados, das 10h às 18h
Onde: Oficina Cultural Alfredo Volpi - Rua Américo Salvador Novelli, 416 - Itaquera, São Paulo – SP
Quanto: Grátis
Belém recebe Bienal das Amazônias
Aliás, falando em cúpula, quem estiver em Belém, capital do Pará, também pode visitar a exposição Bienal das Amazônias, que reúne obras de 120 artistas da Pan-Amazônia.
A exposição abre as portas ao público nesta sexta-feira (4) e segue até o dia 5 de novembro em novo espaço cultural na capital paraense, um prédio desativado de uma antiga loja de departamento, no centro comercial da cidade.
Bienal das Amazônias
Quando: 4 de agosto a 5 de novembro
Onde: Rua Senador Manoel Barata, nº 400 – Quarta a sexta-feira, das 11h às 19h, e aos sábados, das 11h às 20h
Quanto: Grátis
Periferia segue a sangrar
Nos prolíficos anos 1990, quando várias bandas misturaram música regional com influências gringas para revitalizar o rock e o pop brasileiro, os cariocas d`O Rappa começaram a chamar atenção por canções que colocavam o dedo na ferida a partir de um olhar suburbano. No disco homônimo “O Rappa”, eles ainda não haviam atingido a popularidade que alcançariam com “Lado B Lado A”, mas ao menos uma canção se mantém atual até hoje.
“Todo camburão tem um pouco de navio negreiro” lembra quem é o alvo na mira policial das comunidades de todo o Brasil e destaca “que em qualquer dura/O tempo passa mais lento pro negão/Quem segurava com força a chibata agora usa farda”
Música: “Todo camburão tem um pouco de navio negreiro”
Disco “O Rappa”
Onde: Plataformas de streaming e de vídeo
Só Eduardo Galeano salva
Para terminar a coluna de hoje e começar com esperança o final de semana, deixamos pra vocês uma das crônicas de “O Livro dos Abraços”, do grande jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano, publicado em primeira edição no ano de 2016.
Dizem as paredes/4
Em pleno centro de Medellin:
A letra com sangue entra.
Embaixo, assinando:
Carrasco alfabetizador,
Na cidade uruguaia de Melo:
Ajude a polícia: torture-se.
Num muro de Masatepe, na Nicarágua, pouco depois da queda do ditador Somoza:
Vão morrer de saudades, mas não voltarão.
O Livro dos abraços
Autor: Eduardo Galeano
Editora: L&PM
Páginas: 272
Quanto: R$ 20 (Estante Virtual)