Escrito por: Érica Aragão, com informações do FAMA2018
Objetivo do FAMA é contrapor as narrativas das grandes transnacionais que querem entregar as águas brasileiras para o capital internacional e unificar a luta em defesa da “água é um direito e não mercadoria”
Paralelamente ao do VIII Fórum Mundial da Água está sendo realizado em Brasília o Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA 2018). Enquanto o Fórum Mundial, coorganizado pelos governos Federal e do Distrito Federal, e pelo Conselho Mundial da Água tem como objetivo a privatização das águas brasileiras, o FAMA inicia nesta segunda plenárias temáticas unificadas com os movimentos sociais e sindical de todo planeta em defesa da água como um direito e não mercadoria.
No Pavilhão do Parque da Cidade, as plenárias acontecerão até o Dia Mundial da Água, nesta quinta-feira (22), último dia do FAMA 2018, e vão debater estratégias para intensificar o enfrentamento contra os interesses do capital estrangeiro e financeiro. Todas as discussões servirão de subsídio para a agenda unificada de lutas para o próximo período.
“Reunir os povos de vários países e representantes de diversas organizações de todos continentes para discutir a água como um direito e não mercadoria é fundamental nesse momento de retrocessos no Brasil e em outros diversos países”, destacou secretário Nacional de Meio Ambiente da CUT, Daniel Gaio.
“Construir uma agenda única e mundial de lutas contra a mercantilização da água nos deixa mais fortes e combativos”.
O maior evento em defesa da água do planeta segue com sua programação contemplando atividades como assembleia de mulheres, assembleia internacional das águas, atos políticos, culturais, relato de experiências de lutas e resistências, bem como o Projeto dos Povos para a Água. Também terá a leitura dos documentos finais do Fórum Alternativo 2018, Ato Inter-religioso e Luta pela Água na capital federal.
Assembleia Popular das Águas
No último sábado (17) aconteceu a Assembleia Popular das Águas no qual foram discutidos os casos de violações do direito à água e mostrou como muitas comunidades são afetadas pela cadeia da produção de energia.
Marina Rocha, ribeirinha do São Francisco, abriu os testemunhos da Assembléia Popular das Águas sobre as transposições de grandes volumes de água dos rios pelo agronegócio.
“Nosso Velho Chico vem sofrendo várias agressões, vem desaparecendo diversas nascentes que alimentam nosso rio.”
Ela citou destruição das matas ciliares e denunciou que 79% das águas do Rio São Francisco são usadas para irrigação. “Precisamos defender a vida do São Francisco”, concluiu.
Oscar Oliveira, de Cochabamba Bolívia falou sobre a guerra da água, que há 18 anos aconteceu na Bolívia, quando o povo boliviano reconquistou a água que havia sido privatizada para grandes corporações.
“A água antes de tudo é um bem comum, é um ser vivo. Água não é um patrimônio sequer dos povos. É um patrimônio da natureza.” E alertou: “Parem de acreditar nas autoridades. Comecem a acreditar uns nos outros.”
Atividades autogestionadas
Os dois primeiros dias de atividade do Fórum Alternativo, 17 e 18, foram realizados na Universidade de Brasília (UnB) e aconteceram mais de 400 atividades autogestionadas pelas entidades participantes do evento.
Foram debates, oficinas, seminários, rodas de conversa, sessões de cinema e amostras culturais que os povos do Brasil e do mundo trocaram experiências e debateram sobre a água como um direito e não mercadoria.