Escrito por: Luciana Waclawovsky
Reunião articulada pela CNM/CUT debateu a retirada de direitos com o golpe em curso
Destituir a presidenta eleita democraticamente por mais de 54 milhões de votos foi apenas a primeira – e mais difícil – parte do golpe de estado parlamentar. A votação de medidas antipopulares no Congresso Nacional, fazendo com que a sociedade pague o preço de uma conta altíssima, que será debitada nas reformas trabalhistas, da previdência e no congelamento de investimentos em saúde e educação por duas décadas, é a segunda etapa. A terceira está à espreita e deve ser a entrega dos maiores recursos naturais brasileiros a multinacionais estrangeiras.
Essa é a avaliação da bancada de parlamentares de esquerda que estiveram reunidos na manhã de quarta-feira (30) no Hotel Nacional, em Brasília, em encontro promovido pela direção da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT). A atividade teve o objetivo de promover maior articulação com o bloco de deputados/as e senadores/as para a defesa dos direitos da classe trabalhadora, e acabou se transformando em um ato de repúdio ao estado de exceção que o Brasil está passando.
“Estou no quarto mandato e nunca vivenciei um Congresso tão conservador como agora”, constatou o deputado federal Marco Maia (PT-RS). Para ele, que já foi presidente da Câmara na gestão 2011 a 2013, estamos diante de um momento ímpar que exigirá uma capacidade maior de resistência ao tsunami contra a classe trabalhadora. “Nunca tinha visto tanto parlamentar defender publicamente a ditadura como neste mandato”, exemplificou.
No dia anterior, 61 senadores aprovaram em plenário a primeira votação da PEC 241/55, conhecida entre estudantes e trabalhadores como PEC da morte. Enquanto os representantes do povo decidiam os rumos da nação no conforto do ar condicionado, do lado de fora uma verdadeira batalha campal teve início a partir da ação truculenta da polícia militar e legislativa que dispersou a manifestação, até então pacífica, com bombas de efeito moral e cacetetes.
Para Dionilson Marcon (PT-RS), a luta de classe está cada vez mais em evidência. “O Estado está por trás das violências e agressões que estão sendo movidas contra os trabalhadores do campo e da cidade”, ressaltou.
“O povo elegeu esse Congresso”, ponderou o deputado federal e ex-presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, mais conhecido como Vicentinho. “Cresceu a bancada de empresários, diminuiu a representação de parlamentares negros, de progressistas e os jovens eleitos não representam os anseios das ruas, “são jovens com ideias velhas que estão lá por serem filhos de fulano de tal e netos de beltranos”.
Na ocasião, os dirigentes metalúrgicos entregaram aos deputados documento justificando a importância e a urgência de uma atuação articulada com este bloco parlamentar, diante dos sucessivos ataques que a classe trabalhadora e a sociedade vêm sofrendo desde que os golpistas assumiram o poder no país. “Não admitimos o fim das políticas sociais, exigimos a retomada dos empregos e das atividades da indústria em todo o país”, reforçou o presidente da CNM/CUT, Paulo Cayres.
Presente na abertura da mesa, o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, reconheceu o heróico trabalho realizado pela bancada, que diariamente enfrenta enxurradas de medidas contra a classe trabalhadora em razão da onda neoliberal e conservadora que invadiu o Congresso Nacional. “O debate que queremos promover na sociedade tem uma participação fundamental dos parlamentares em defesa dos direitos dos trabalhadores e por isso precisamos cada vez mais dessa parceria que até agora conseguiu muitas conquistas”.