Partidos de oposição protocolam primeiro pedido de impeachment coletivo de Bolsonaro
Representantes dos partidos e de mais de 400 entidades entregam o pedido ao Congresso na manhã desta quinta (21) e cobram de Rodrigo Maia, presidente da Câmara, que abra o processo contra o presidente
Publicado: 21 Maio, 2020 - 13h11 | Última modificação: 21 Maio, 2020 - 13h29
Escrito por: Redação CUT
Partidos políticos da oposição e mais de 400 entidades da sociedade civil, juristas e personalidades públicas subscrevem o primeiro pedido de impeachment coletivo do presidente Jair Bolsonaro, entregue à Câmara dos Deputados na manhã desta quinta-feira (21).
Bolsonaro é acusado de cometer crimes de responsabilidade, atentar contra a saúde pública e colocar em risco a vida dos brasileiros e brasileiras, pela postura que adota em relação à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), que nega, trata com desdém e chacotas, como o “não sou coveiro” e o “e daí?” que respondeu aos jornalistas ao ser questionado sobre medidas para reduzir o número crescente de mortes pela doença.
Em entrevista coletiva, após a entrega do documento, representantes dos partidos políticos cobraram do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que acate o pedido e dê andamento ao processo de impeachment.
A deputada federal e presidente do PT, Gleise Hoffman, afirmou que não há como enfrentar a crise política, democrática e de saúde pela qual passa o pais, se Bolsonaro continuar governando.
“Nós, como oposição, temos feito tudo para ajudar o Brasil a enfrentar essa crise. O Congresso é que tem votado medidas importantes para o Brasil, para proteger o povo e na nossa avaliação, é que quem mais prejudica o país, causa instabilidade e não deixa as coisas acontecerem é Bolsonaro”, disse a paralementar se referindo a medidas aprovadas pelo parlamento como o pagamento do auxílio emergencial para trabalhadores informais, autônomos, microempreendedores individuais e desempregados, como forma de enfrentar os impactos econômicos da pandemia.
Gleisi Hoffmann apontou a incapacidade de coordenação política do presidente que tem resultado em prejuízos sérios para o povo brasileiro como a demora no pagamento do auxílio emergencial de R$ 600,00. A segunda parcela, por exemplo, atrasou mais de duas semanas para começar a ser liberada.
O líder do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, prosseguiu afirmando que a prioridade de Bolsonaro deveria ser salvar vidas, o que ele não faz. “Este é o motivo de estarmos aqui hoje. Porque Bolsonaro não é só um problema político, mas também um problema sanitário, de saúde pública”, ele disse.
Boulos denuncia que os crimes de Bolsonaro – de responsabilidade ao estimular o descumprimento de recomendações de autoridades sanitárias, como o isolamento social para conter a disseminação da pandemia – o que contribui para aumentar o número de infectados e mortos e o sofrimento do povo brasileiro.
“Ele é aliado do vírus e não vai parar se não for parado (...) ele precisa ser barrado antes que cause mais mortes e destrua o que sobrou da democracia brasileira”, afirmou Boulos.
O Senador Rogério Carvalho, líder do PT no Senado, comparou a atuação de Bolsonaro aos métodos nazistas usados por Adlof Hittler, na Alemanha, para ‘aniquilar’ aqueles que considerava inimigos da nação, como judeus, negros e homossexuais.
“É uma conhecida de todos nós – a prática do fascismo, do nazismo, em que Bolsonaro se utiliza do coronavírus, para eliminar aqueles que ele chama de fracos, aqueles que não têm condição de sobreviver”, se referindo às pessoas mais vulneráveis, como os mais pobres.
Boulos também reforçou que Bolsonaro cometeu outros crimes como apologia à tortura, crimes contra a ordem democrática e citou a ligação de sua família com milícias.
Representação
O pedido, assinado pelos partidos PT, PCdoB, PSOL, PCB, PCO, PSTU e UP, além de mais de 400 entidades sociais, juristas e personalidades, segundo Gleisi Hoffmann e Guilherme Boulos, representam a vontade da maioria da população brasileira.
Juliano Medeiros, presidente do Psol, também concorda. E, durante a coletiva à imprensa, lembrou que “a desaprovação ao governo Bolsonaro é de mais de 50%”, se referindo à mais recente pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgada no dia 12 de maio que aponta um índice de 55% de reprovação à forma como Bolsonaro governa o país e conduz as ações de enfrentamento à pandemia do coronavírus.
Entre as organizações que apoiam o pedido de afastamento do presidente estão o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, Associação Brasileira de Economistas pela Democracia, Central de Movimentos Populares, Marcha Mundial de Mulheres, Movimento das Mulheres Camponesas, Andes – Sindicato Nacional, Fasubra, Movimento Negro Unificado, Associação Brasileira de Travestis e Transexuais, além de juristas como Celso Antonio Bandeira de Melo, Lênio Streck, Pedro Serrano, Carol Proner e os ex-ministros da Justiça Tarso Genro, José Eduardo Cardozo e Eugênio Aragão.
Veja íntegra da entrevista coletiva relizada na manhã desta quinta-feira (21)
Um ato político, respeitando o distanciamento entre os manifestantes e com uso obrigatório de euquipamentos de segurança foi realziado logo após a entrega do pedido de impeachment ao Congresso.