Passeata e protesto em Florianópolis
Fetraf-Sul denuncia: governo catarinense investe só 0,1% na agricultura familiar
Publicado: 14 Maio, 2009 - 10h07

Agricultores da Fetraf-Sul em protesto
"1, 2, 3, 4 , 5 mil, nós somos as mãos que alimentam o Brasil", entoaram cerca de 800 agricultores familiares, que marcharam na manhã desta quarta-feira, em Florianópolis, contra o descaso do governador Luiz Henrique, que investe apenas 0,1% neste segmento estratégico ao desenvolvimento do Estado e à própria segurança alimentar.
Após a passeata, os manifestantes improvisaram cozinhas na Praça em frente à Assembléia Legislativa, onde após o almoço saíram para negociar com a Secretaria de Agricultura a pauta da agricultura familiar. Acompanhando as famílias ao longo de todo o percurso, o deputado estadual Dirceu Drecher (PT) reiterou o compromisso em reverter a injusta e excludente lógica em prol do agronegócio.
Vindos de todas as regiões de Santa Catarina, os agricultores convocados pela Fetraf-Sul denunciaram a ausência de políticas públicas de incentivo e garantia de renda, o crescimento da concentração e a verticalização no setor leiteiro, bem como a falta de medidas emergenciais para amenizar o impacto das intempéries climáticas, alertando que a somatória destes graves problemas "está levando à expulsão das famílias do campo e ao incremento do êxodo rural".
Segundio Alexandre Bergamin, coordenador estadual da Fetraf-Sul, os agricultores familiares somam 720 mil pessoas, o equivalente a 80% da população rural do Estado, sendo o setor mais estratégico na geração de trabalho e riqueza, no campo e na cidade. "Embora tenham esta importância, eles detêm apenas 41% das terras. Exigimos uma atenção à altura do nosso trabalho", declarou.
"Ocupamos as sete primeiras posições na produção de cebola, suíno, maçã, fumo, frango, madeira, banana, arroz, alho, trigo, leite, milho e feijão", declarou Adriana Maria Antunes, da direção da Fetraf-Sul e da CUT-SC.
Entre os principais pontos da pauta estadual estão a destinação de, no mínimo, 5% do Orçamento para geração de renda à agricultura familiar; uma política de compensação ambiental, com a criação de um fundo de remuneração destinado aos agricultores que preservam os recursos naturais - no valor anual de três salários mínimos por hectare; recursos de R$ 100 mil por município que decretou emergência devido à estiagem; linha de crédito subsidiado para cisternas; canalização e tratamento de água para o meio rural; isenção das agroindústrias familiares da cobrança do ICMS; criação de um programa de financiamento de capital de giro e complementação em 30% do programa de aquisição de alimentos.
Na linha de frente da manifestação, a secretária nacional de Comunicação da CUT, Rosane Bertotti, parabenizou a determinação dos companheiros e companheiras, que viajaram várias centenas de quilômetros para levantar a voz e exigir justiça. "Assim como os policiais, os bombeiros e professores, estamos nas ruas para exigir respeito do governo estadual. Se somos as mãos que alimentam a nação, precisamos de linhas de crédito e investimento. Aplicar 0,1% na agricultura familiar não tem explicação, pois é o mesmo que deixar o setor à míngua enquanto beneficia os grandes empresários rurais, fortalecendo com recursos públicos a concentração de renda", acrescentou Rosane Bertotti.