"Pátria amada não pode ser pátria armada", diz arcebispo de Aparecida
Na homilia realizada na manhã desta terça (12), sem a presença do presidente, que assistiu à missa da tarde, arcebispo fez apelo por desarmamento, pátria sem ódio e sem fake news
Publicado: 13 Outubro, 2021 - 08h50 | Última modificação: 13 Outubro, 2021 - 09h50
Escrito por: Redação CUT
Na principal celebração do Dia de Nossa Senhora, no Santuário de Aparecida, na manhã desta terça-feria (12), o arcebispo do município, dom Orlando Brandes, criticou o ódio e a intolerância de grupos bolsonaristas usando, para isso, o slogan do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) “pátria amada, Brasil”. Bolsonaro assistiu a missa da tarde que também teve críticas, mas não tão contundentes como as da manhã.
"Pátria amada não pode ser pátria armada", disse o arcebispo Orlando Brandes, que prosseguiu: "Para ser pátria amada, seja uma pátria sem ódio. Para ser pátria amada, uma república sem mentira e sem fake news. Pátria amada sem corrupção. E pátria amada com fraternidade. Todos irmãos construindo a grande família brasileira”.
Em nenhum momento da homília, o arcebispo citou o presidente, que é pró-armamentismo e é alvo de inquérito sobre disseminação de informações falsas, mas aproveitou o momento para lamentar as mais de 600 mil mortes por Covid-19 e defender a vacina e a ciência.
"Mãe Aparecida, muito obrigado porque na pandemia a senhora foi consoladora, conselheira, mestra, companheira e guia do povo brasileiro que hoje te agradece de coração porque vacina sim, ciência sim e Nossa Senhora Aparecida junto salvando o povo brasileiro".
Na missa da tarde, com Bolsonaro presente, o padre José Ulisses, diretor da Academia Marial de Aparecida, foi menos duro, mas fez várias referências à situação crítica do pais.
"Você que está aqui hoje, neste 12 de outubro de 2021, pode agradecer por estarmos aqui, vivos. Ela [Nossa Senhora] enxuga as lágrimas de muitas famílias. Muita gente morreu, mas hoje é o momento de olhar a imagem da nossa Mãe e dizer obrigada."
Padre Ulisses falou também sobre ao desemprego, a fome e elogiou os que promovem a paz.
"Há várias mesas vazias, desemprego. Mas Nossa Senhora está aqui hoje para repartir o bolo do seu aniversário, sem distinção. Somos o povo de Deus. E a maior dignidade que temos deve prevalecer ao povo de Deus. Só assim poderemos construir um país e, assim, sonhar com a paz e a justiça", disse o padre.
"Que haja mais desarmamento, mais felicidade e mais humanidade", disse ele olhando na direção de Bolsonaro e de seus ministros. "Em seu aniversário, tudo que Nossa Senhora deseja é a vida.".