Pela proibição de embarque de gado, manifestantes protestam contra deputados
Proximidade de aprovação de PL que veta maus-tratos em animais para exportação faz com que "bancada do boi" venha obstruindo sucessivamente a votação na Assembleia paulista
Publicado: 01 Agosto, 2018 - 09h30 | Última modificação: 08 Agosto, 2018 - 17h42
Escrito por: Redação RBA
Um grupo de manifestantes bloqueou no início da noite desta terça-feira (31) a saída de deputados estaduais da Assembleia Legislativa de São Paulo. O objetivo é impedir que os parlamentares deixem a Casa em protesto contra mais um adiamento de votação do projeto de lei que proíbe o embarque de animais vivos nos portos do estado com a finalidade de abate para consumo.
A votação do PL 31/2018 vem sendo sucessivamente protelada desde o final do primeiro semestre, pela direção da mesa. O presidente da Assembleia, deputado deputado Cauê Macris (PSDB), temendo o risco de aprovação do projeto, defendido por ambientalistas e defensores de animais, acolheu apelo de ruralistas e disse que só pretende votar o temas depois das eleições.
Os ativistas pressionam a Assembleia Legislativa há quase dois meses. Para a ativista Luisa Mell, essa forma de transporte é cruel para os animais e para o meio ambiente. “Não tem como isso dar certo”, afirmou à reportagem da Rádio Brasil Atual, em entrevista na semana passada. “É um assunto seríssimo, o mundo está à beira de um colapso e ninguém está acordando.”
“Só meia dúzia de pecuaristas e de deputados deve estar ganhando alguma coisa com isso”, afirma ainda a ativista. “Não vivemos em uma democracia. Estamos aqui sofrendo pelos animais e por todo o povo brasileiro, porque ver que as coisas são decididas apenas em interesses pessoais é de doer o coração.”
Carina Somagio, que resgata cavalos de carroceiros, explica que os prejuízos não são apenas para os animais, mas também para a economia, já que se entende essa forma de exportação como comércio de matéria prima. “Nenhum desses animais paga um centavo de exportação em ICMS”, afirmou Carina também à Rádio Brasil Atual. “Nós ficamos com tudo o que é ruim, entre aspas, desde o nascimento até o embarque dos animais. A gente fica com o ônus da água, da terra, da poluição, de tudo o que pode ter”, afirmou.