Pela segunda vez em menos de um mês, militante do MST sofre atentado criminoso
Para membro da Comissão dos Direitos Humanos do movimento, discurso de ódio promovido por Bolsonaro tem intensificado criminalização dos que lutam por melhores condições de vida e trabalho
Publicado: 02 Agosto, 2019 - 12h04 | Última modificação: 02 Agosto, 2019 - 12h19
Escrito por: Érica Aragão
Um militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Rio Grande do Norte está internado e recebe acompanhamento médico depois de ser atropelado na noite desta quinta-feira (1º).
Segundo o movimento, uma caminhonete Hilux avançou contra o militante que estava chegando ao acampamento Antônio Batista, próximo ao Distrito de Irrigação do Baixo Açu (DIBA), entre os municípios do Alto do Rodrigues e Baixo Açu, e o deixou na estrada, ferido e sem ser socorrido.
O homem, que mora com a mãe no acampamento, está estável e o MST já fez um Boletim de Ocorrência (BO) para que o crime seja investigado. Ele quebrou a clavícula e teve vários ferimentos no corpo. O movimento não quis divulgar dados pessoais da vítima.
Esta é a segunda vez em menos de um mês que um militante do MST é vítima de atropelamento. Em 18 de julho deste ano, um idoso foi assassinado no interior de São Paulo deste mesmo jeito. Um motorista de uma caminhonete passou em alta velocidade e desviou o carro atingindo os militantes que estavam numa manifestação em defesa do fornecimento de água.
“Estas práticas de violência contra o MST são frutos do discurso de ódio promovido pelo governo de Bolsonaro e de seus aliados que criminalizam o movimento e nos veem como inimigos do povo, só porque lutamos por melhores condições de vida e de trabalho”, afirmou Jailma Lopes, membro da Comissão dos Direitos Humanos do MST no Rio Grande do Norte.
Segundo ela, além de vítimas do discurso de ódio, as 100 famílias que ocupam a terra no Estado já foram vítimas de várias intimidações de empresários que disputam as terras locais para construir modelos de agronegócios na região.
“A ocupação existe desde 2015 produzindo alimentos saudáveis na região e desde então as famílias sofrem com intimidações de empresários da fruticultura irrigada, projeto que se apropria da terra para construir modelo do agronegócio”, afirma.
As famílias da ocupação Antônio Batista vão pressionar o governo do Estado para cobrar que agilize o funcionamento do Comitê Estadual de Conflitos Agrários para que possa garantir uma retaguarda de segurança para o movimento.
“A gente que luta por terra para produzir alimentos saudáveis para a população não podemos ser criminalizados e mortos. Precisamos deste comitê funcionando para garantir que nossa luta não seja crime e que não sejamos mortos, já que a intimidação contra o MST é recorrente”, finalizou a Jailma.