Escrito por: Redação CUT
Mais de 120 trabalhadores altamente qualificados, alguns com cursos pagos pela Caixa, foram transferidos da matriz para agências bancárias em um intervalo de 90 dias entre o final de 2020 e o começo de 2021
Entre o final de 2020 e o começo de 2021, a direção da Caixa Econômica Federal, ainda sob o comando do ex-presidente Pedro Guimarães, investigado por assédios moral e sexual, transferiu 123 trabalhdores altamente qualificados da matriz para agências bancárias em um intervalo de apenas 90 dias. Nos novos locais de trabalho, os bancários, muitos deles com pós-graduação e cursos pagos pela instituitção financeira, cuidam de filas ou distribuem senhas para atendimento com gerentes.
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Esses trabalhadores, com salários de R$ 30 mil até R$ 45 mil, estão no grupo dos que chegaram ao topo da carreira, mas dividem as mesmas funções com servidores recém-ingressados no banco que ganham cerca de R$ 3.000, como mostrou reportagem do jornal Folha de S. Paulo, publicada nessa segunda-feira (18). Como os servidores exerceram os cargos anteriores por mais de dez anos, os salários mais altos foram incorporados, mesmo desempenhando agora outras atividades. Segundo o jornal, o caso está sendo investigado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT).
De acordo com entidades sindicais que representam os bancários, o contingente de transferidos é ainda maior e a razão são as retaliações contra trabalhadores que exerceram postos de comando no banco durante governos anteriores.
Além disso, são ‘punidos’ aqueles que tiveram algum atrito com a alta direção ligada a Pedro Guimarães, que costumava até a gravar atitudes de assédio moral. Um dos casos que chamaram a atenção da mídia ocorreu em uma confraternização de final de ano, quando o ex-presidente constrangeu gerentes e lideranças da instituição obrigando todos a fazerem flexões comandados por um general. E ainda mandou os bancarios darem cambalhotas acompanhados por uma ginasta profissional.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) apontaram ao MPT que as transferências foram feitas abruptamente, com “critérios discriminatórios” e falta de transparência.
As associações sindicais dizem ainda que, em alguns casos, as movimentações feitas pelo banco queriam forçar os funcionários mais antigos a deixar a empresa por meio do programa de desligamento voluntário.
Em nota, a Caixa disse que “realiza a movimentação interna de seus empregados conforme a legislação em vigor e observando as necessidades estratégicas do banco”. A empresa afirmou que é a maior instituição financeira do país em número de clientes e que os bons resultados são reflexo do trabalho dos 250 mil colaboradores, incluindo 87 mil empregados.
A empresa afirmou ainda que existem investigações internas em andamento, que o Conselho de Administração determinou a contratação de empresa externa e independente para verificar todos os casos e que o canal de denúncias é gerido por entidade externa, que se responsabiliza pela preservação da identidade dos denunciantes.