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Pesquisadores responsáveis pelo Sirius, o acelerador de elétrons, lutam por salário

Há dois anos, governo federal nega correção inflacionária aos profissionais do CNPEM, centro de pesquisa que coordena o maior projeto da ciência nacional

Publicado: 31 Agosto, 2021 - 08h58 | Última modificação: 31 Agosto, 2021 - 09h07

Escrito por: Sintpq

Reprodução
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Investimentos de R$ 1,8 bilhão em infraestrutura e para os trabalhadores e trabalhadoras sequer a reposição inflacionária. Essa é a realidade enfrentada pelos pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), localizado em Campinas, interior de São Paulo. O Centro e seus profissionais são responsáveis pelo Sirius, acelerador de elétrons que integra a maior e mais complexa estrutura científica do País.

A remuneração do conjunto de mais de 650 trabalhadores e trabalhadoras – formado em grande parte por técnicos e pesquisadores altamente qualificados – está congelada desde 2019, pois a direção do CNPEM e o governo federal negaram a possibilidade de qualquer reajuste na negociação coletiva do ano passado. Na negociação salarial deste ano, o Centro ofereceu 5% de reajuste, índice abaixo da inflação do último período, que corresponde a 8,99% conforme o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Ciência e Tecnologia (SINTPq) e os funcionários do CNPEM reagiram aprovando estado de greve em assembleia no dia 24 de agosto. Com a decisão, os profissionais poderão paralisar as atividades assim que julgarem necessário.

O presidente do SINTPq, José Paulo Porsani, assegura que a categoria está disposta a iniciar a greve caso as negociações não avancem. Segundo ele, o CNPEM e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) agem de forma incoerente ao pregar a valorização da ciência enquanto o salário de seus profissionais sofre defasagem.

“Os profissionais do CNPEM desenvolvem pesquisas fundamentais para o País, contribuindo também com o combate à pandemia. Ao invés de reconhecer e valorizar esse trabalho, a direção do Centro e o governo federal promovem a defasagem salarial justamente em um cenário de alta inflacionária. Seguiremos buscando soluções pela via negocial e esperamos que o CNPEM reveja sua postura. Caso contrário, a paralisação das atividades será a única alternativa”, afirma Porsani.

Como mencionado pelo presidente do SINTPq, o tratamento dado pelo CNPEM e pelo Governo Federal aos pesquisadores é totalmente incompatível com a importância do trabalho por eles realizado. Diversas frentes de pesquisa e projetos fundamentais para a ciência nacional são desenvolvidas no Centro, como estudos relacionados ao desenvolvimento de fármacos para o combate ao coronavírus e, mais recentemente, a construção do primeiro laboratório de Biossegurança-4 da América Latina, capaz de estudar vírus ainda mais perigosos que a Covid-19.