Escrito por: Walber Pinto
No Coletivo Nacional das Pessoas com Deficiência da CUT, dirigentes sindicais debateram a importância de pensar estratégias para proteger os trabalhadores com deficiências em tempos de crise climática
Com os eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes e a crise do neoliberalismo no mundo, é preciso discutir a proteção dos trabalhadores e trabalhadoras com deficiência, que são as mais vulneráveis em tempos de crise. Essa foi a tônica do debate do Coletivo Nacional de Trabalhadores e Trabalhadoras com Deficiência da CUT, nesta terça-feira (3), para celebrar o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência.
Durante o encontro foi lançado o terceiro caderno que aborda aos direitos e as necessidades das pessoas com deficiência no mercado de trabalho. A CUT é a única central sindical do país que tem um coletivo nacional para falar das lutas das pessoas com deficiência. A atividade foi transmitida pelo Youtube da CUT.
De acordo com a secretária nacional de Políticas Sociais e Direitos Humanos da CUT, Jandyra Uehara, é preciso incluir as pessoas com deficiência nos planos de ação climática.
“Estamos vendo um período de crise climática, desastres ambientais onde as pessoas e os trabalhadores com deficiência são violentamente impactos. Há de se pensar hoje também em políticas específicas para a proteção dos direitos do trabalho e da vida, mesmo das pessoas com deficiência”, disse a dirigente.
Segundo os coordenadores do coletivo, o objetivo do caderno é informar e promover a participação e organização dos trabalhadores e trabalhadoras com deficiência CUTistas a partir dos sindicatos de base, com o intuito de contribuir para um maior conhecimento e uma inclusão mais efetiva e consciente no mercado de trabalho.
Em eventos climáticos devastadores como furacões, inundações e ciclones, pessoas com deficiência podem ter dificuldade em sair do local devido a questões como mobilidade limitada ou sentidos prejudicados.
Para Jandyra, com os eventos climáticos extremos e desastres previstos a aumentar, é preciso fazer mais para planejar e proteger os mais vulneráveis em nossas sociedades. “O Dia Internacional da Pessoa com Deficiência lembra-nos a importância de pensar diferente enquanto trabalhamos para construir sociedades mais justas e inclusivas”, avalia.
Carlos Maciel, coordenador do Coletivo Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras com Deficiência, reiterou que a publicação é uma oportunidade de as pessoas conhecerem a luta, as ações e os direitos das pessoas com deficiência.
“O coletivo vem nesse momento fazer esse diálogo com a divulgação do terceiro caderno, uma discussão que traz a necessidade de acessibilidade no espaço e o direito da pessoa com deficiência no trabalho e na sociedade”.
“Nada além do que merecemos e temos direitos”, disse Maria Cleide (a Cleidinha), coordenadora do Coletivo Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras com Deficiência, que afirmou ainda que o coletivo é uma construção diária para se pensar estratégia e luta da pessoa com deficiência.
Sérgio Antiqueira, secretário nacional de Relações de Trabalho da CUT, parabenizou o coletivo das pessoas com eficiência da Central e afirmou que o debate dos anseios dessa população precisa sempre ser provado. “A CUT consegue estar no caminho certo porque tem dirigente e assessores que acreditam na transformação da sociedade, uma sociedade mais justa”.
Isaias Dias, ex-conselheiro do Conade, representando os trabalhadores da CUT, lembrou dos desafios da participação das pessoas com deficiências no Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Conade). “Vai sair um edital para as eleições no conselho e precisamos ficar atentos para que a CUT participe”.
Para Karem Resende, do Sindicato Único dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Blumenau (Sintraseb), o lançamento do caderno é importante para levar informação ao trabalhador com e sem deficiência.
“As pessoas com deficiência no trabalho é um direito humano, é fundamental”, disse Karem.
Um levantamento divulgado em 21 de novembro pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e Observatório Social mostrou que ainda há muitos desafios na inclusão das pessoas com deficiência nos setores do comércio, serviços e industrial, no contexto das condições de trabalho, como de negociação coletiva-sindical.
Segundo o Dieese, nos empregos formais, apenas 1,1% eram ocupados por pessoas com deficiência, em 2021, sendo que, nos cargos de chefia, elas ocupavam apenas 0,5% dos postos de trabalho.
No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro Geográfico e Estatístico (IBGE), mais de 18 milhões de pessoas, o que representa cerca de 9% da população, têm algum tipo de deficiência. E apesar dos avanços para a garantia de inclusão, o preconceito ainda é muito presente.
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