Petrobrás afronta trabalhadores. Resposta é rejeitar o desmonte do ACT
A nova contraproposta apresentada aos trabalhadores corta direitos, reduz o valor das horas extras e o reajuste de salário não cobre sequer a inflação do período
Publicado: 22 Agosto, 2019 - 14h18
Escrito por: Redação CUT com apoio da FUP
A gestão da Petrobrás quer enfiar goela abaixo do trabalhador e da trabalhadora um Acordo Coletivo que vai contra os interesses da categoria, denuncia o site da Federação Única dos Petroleiros (FUP). A proposta, segundo a FUP, vai de encontro do projeto de privatização do governo de Jair Bolsonaro (PSL) e do presidente da companhia, Roberto Castello Branco. E a desculpa é a de todo governo que não tem política de desenvolvimento, com geração de emprego e renda e aquecimento da economia: “a necessidade de diminuir despesas”.
De acordo com a FUP, a nova contraproposta apresentada aos trabalhadores corta direitos, reduz o valor das horas extras e o rejuste de salário não cobre sequer a inflação do período.
Além disso, afirma a FUP, os gestores querem impor o fim da negociação com as representações sindicais, ameaçando os trabalhadores, com mensagens como a que está disponível no Portal Petrobrás, que diz: “Caso o acordo não seja assinado até o dia 31/08, iniciaremos um processo de transição de algumas práticas atuais para aquilo que estabelece a CLT”.
Ainda de acordo com a federação da categoria, o assédio aos petroleiros inclui também ameaça de perda de funções gratificadas e cargos de confiança de supervisores, coordenadores e gerentes que estão sendo forçados a comparecer às assembleias para votar a favor da proposta da empresa, intimidando os trabalhadores para que façam o mesmo.
“Além de afrontar a categoria, essa postura antissindical e vergonhosa revela o quanto a direção da Petrobrás quer subjugar os petroleiros com um Acordo Coletivo rebaixado”, diz a nota, que prossegue: “É uma mentira dizer que o ACT precisa ser assinado até o dia 31, quando a empresa tem o poder de prorrogá-lo por quanto tempo for necessário, até que se chegue a um acordo, como sempre aconteceu no Sistema Petrobrás”.
Segundo a FUP, as negociações na BR Distribuidora, Eletrobrás e no Correios, que estão em curso, provam que é possível prorrogar a negociação para tentar um acordo entre as partes.
As representações sindicais dos petroleiros também querem exercer o direito legítimo de negociação com a Petrobrás, buscando o atendimento da pauta da categoria, que nada mais é do que a preservação de direitos, manutenção dos empregos e um reajuste salarial digno, afirma o texto.
A atual gestão, diz a nota da FUP, insiste no confronto, impondo o fim das negociações para intimidar os trabalhadores e medir força com os sindicatos. Alega que precisa rebaixar o ACT para reduzir a dívida da empresa. Argumento fajuto que não convence ninguém.
Desde as negociações da Pauta pelo Brasil, em 2015, a FUP vem afirmando que a dívida da Petrobrás é consequência de escolhas e resultados. Não é esse o problema central da empresa.
A nota segue argumentando com fatos e dados que não é cortando ainda mais os gastos com pessoal, que a Petrobrás reduzirá sua dívida. “Se os gestores reajustarem os salários dos trabalhadores em 4%, isso significará 0,08% da dívida. Nos últimos quatro anos, a empresa já economizou bilhões às custas dos trabalhadores, impondo PIDVs, reduzindo o número mínimo de trabalhadores nas unidades operacionais, implantando o teletrabalho, reduzindo salários e jornadas..”
“E adivinhem quem se deu bem com isso? Os mesmos que embolsaram polpudas remunerações variáveis e que agora pressionam os trabalhadores para que aceitem um Acordo rebaixado”, alerta a FUP.
A federação encerra a nota com um alerta à categoria: “Só com união e participação de todos nas assembleias é que vamos conseguir manter um Acordo Coletivo digno e garantir a existência da Petrobrás como empresa pública”.