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Petrobras corta investimento e vende bens para pagar fortunas a acionistas

Petrobras vendeu R$ 280 bi em bens, mas  investimento caiu mais de 30% de 2018 a 2021, prejudicando a economia do país e a geração de emprego

Publicado: 04 Agosto, 2022 - 10h19 | Última modificação: 04 Agosto, 2022 - 11h08

Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz

Fernando Frazão/Agência Brasil
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Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) a Petrobras deixou de repassar a investidores apenas uma parte dos lucros, os chamados dividendos, e passou a pagar mais do que lucra, incorporando nesses pagamentos inclusive parte do que arrecada com a venda do seu patrimônio o que prejudica novos investimentos na companhia e, com isso, a economia do Brasil. A estatal é a maior empresa da América Latina e seus projetos geram empregos e movimentam uma cadeia de fornecedores.

De acordo com monitoramento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), de 1995 a 2019, primeiro ano da gestão Bolsonaro, a Petrobras tinha repassado a seus acionistas, em média, 30% do seu lucro num ano, chegando a no máximo 54%, em 1996. Em 2020, o percentual atingiu 145%. Baixou a 95% em 2021.

Este ano, só no primeiro semestre, a Petrobras  lucrou R$ 98 bilhões e decidiu repassar a seus acionistas R$ 136 bilhões em dividendos, o que equivale a 138% do lucro líquido da empresa. Isso quer dizer que a cada R$ 1 que a Petrobras lucrou, R$ 1,38 foram distribuídos aos donos de suas ações.

Essa forma de administrar a Petrobras até colabora com as contas públicas, já que a União tem cerca de 36% das ações da Petrobras. Beneficia principalmente, entretanto, investidores, na sua maioria estrangeiros, que detêm os 64% restante das ações da companhia. Eles já têm R$ 87 bilhões em dividendos garantidos só em 2022.

Confira aqui a íntegra da reportagem de Vinicius Konchinski, do Brasil de Fato, que revela como a nova política prejudica a Petrobras, o Brasil e os brasileiros.

Queda brutal nos investimentos

Segundo o repórter, o investimento da estatal caiu mais de 30% de 2018 a 2021. No ano passado, foram 8,7 bilhões de dólares em investimentos. Isso é 81% a menos do que o recorde registrado em 2013, durante o governo de Dilma Rousseff (PT). Naquele ano, foram investidos 48 bilhões de dólares.

Dados do Dieese indicam que, no ano passado, os investimentos da Petrobras atingiram sua menor participação no total de investimentos do país já registrado desde 2003: 2,2%.

Em 2018, último ano do governo Temer, esse percentual era de 4,6% – mais que o dobro. Já em 2009, durante o governo Dilma, atingiu o recorde de 11,1% de toda formação bruta de capital do país.

Venda do patrimônio

O texto também mostra que a Petrobras tem se desfeito de bens que ampliavam o escopo de sua atividade, como refinarias. Desde 2016, foram R$ 280,4 bilhões arrecadados em 67 vendas. O valor foi compilado pelo Observatório Social do Petróleo (OSP) e já está calculado considerando o câmbio e a inflação.

Nesse total, entram a Refinaria Landulpho Alves (Rlam), vendida para o fundo Mubadala Capital no ano passado por 1,65 bilhão de dólares. Entram também vendas do setor de energias renováveis, que somaram R$ 2,6 bilhões.