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Petrobras decide nesta quarta (24) venda da Rlam por metade do preço

Petrobras decide nesta quarta (24) se vende por US$ 1,65 bi a Refinaria Landulpho Alves (RLAM) na Bahia. Proposta de fundo árabe é metade do que vale diz Ineep. FUP repudia negócio prejudicial ao país

Publicado: 24 Março, 2021 - 12h53 | Última modificação: 24 Março, 2021 - 14h13

Escrito por: Redação CUT

Petrobras / Divulgação
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A Petrobras decide nesta quarta-feira (24) se vende mesmo a Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, ao Fundo Mubadala, de investimento dos Emirados Árabes, por US$ 1,65 bilhões, quase a metade do valor de US$ 3 bi avaliado pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) e 35% abaixo da avaliação do Banco BGT Pactual.

Revoltados, os petroleiros afirmam que o prejuízo com a venda da Rlam será de todos os brasileiros.

Em nota, o coordenador-Geral da FUP, Deyvid Bacelar, diz que “ a venda já é por si só um prejuízo claro para a Petrobras e seus acionistas, não apenas pelo ‘preço de banana’ pelo qual o negócio foi fechado, mas pelo peso da refinaria no abastecimento da Bahia e do Nordeste e pelos derivados que produz".

A nota segue dizendo que "a planta responde por cerca de 30% de toda produção de óleo bunker de baixo enxofre da Petrobrás, produto que vem sendo muito demandado pelo mercado marítimo global desde janeiro do ano passado".

"Agora, está claro que a decisão da gestão da empresa de vender a RLAM não se trata só de causar prejuízo à empresa, mas a todo o país. A gestão Castello Branco quer impor ao mercado brasileiro a sua política de preços, quer criar uma política de Estado que favoreça o mercado e prejudique a população, o que é ainda mais absurdo”, conclui a nota.

Leia aqui a íntegra da nota da FUP 

Apesar de estar ciente de que o  valor oferecido está abaixo do mercado, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, que deve deixar o cargo nos próximos dias, pautou a reunião do Conselho às pressas para esta quarta. Castello Branco foi demitido por Jair Bolsonaro pelas redes sociais no dia 19 de fevereiro. Mas, apesar do seu mandato ter acabado á três dias, ele decidiu ficar no cargo até a chegada de seu substituto, após o dia 12 de abril, quando a Assembleia Geral Extraordinária de Acionistas (AGE) deve aprovar a indicação do general do Exército Joaquim Silva e Luna para o comando da estatal.

No comunicado à direção, obtido pelo jornal O Estado de São Paulo, a  diretoria informa que o cenário econômico mudou e, sem vender refinaria, vai ser difícil manter os preços dos combustíveis alinhados aos do mercado internacional.  O fim da manutenção dos preços dos combustíveis atrelados ao dólar é uma das reivindicações da Federação Única dos Petroleiros (FUP) que em diversas ocasiões demonstrou que é possível preços justos tanto para os combustíveis como para o gás de cozinha.

O coordenador-geral da FUP está na Refinaria Landulpho Alves e ficará lá até o final da tarde desta quarta, para marcar o  "Lockdown Nacional – dia de luta em defesa da vida, da vacina, do emprego e do auxílio emergencial de R$ 600 para desempregados e informais". Veja o vídeo

 

Também em nota, o senador Jean Paul Prates (PT-RN) criticou a decisão da Petrobras. Segundo ele, a operação, literalmente na calada da noite e no apagar das luzes de vários mandatos dos dirigentes, é suspeitíssima e, deverá jogar holofotes intensos sobre todo o processo.

O senador petista diz ainda que está notificando cada um dos membros remanescentes do Conselho de Administração da Petrobras e toda a cúpula do Conselho de Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre a potencial responsabilidade concorrente nesta operação. “A lupa da opinião pública, da imprensa, do judiciário e do legislativo (incluindo mas não se limitando ao TCU) já está sobre cada um dos responsáveis por esta afoita e suspeita transação”, afirmou Prates.