Escrito por: Redação CUT

Petrobras ignora alertas da FUP e mais de 800 petroleiros estão com Covid-19

FUP pediu testagem em massa de todos os trabalhadores, avaliação médica presencial dos petroleiros offshore, antes do embarque e desembarque, mas estatal não fez nada

Sindipetro-MG

Apesar das cobranças da Federação Única dos Petroleiros (FUP), que fez inclusive denúncia no Ministério Público Federal no fim de abril, a Petrobras não implementou nenhuma das exigências da entidade para proteger os trabalhadores e trabalhadoras do novo coronavírus, como testagem em massa de todos os trabalhadores, sintomáticos e assintomáticos, e avaliação médica presencial dos petroleiros offshore, antes do embarque e quando desembarcam.

O resultado deste descaso da estatal com os petroleiros é o aumento do  número de contaminados pela Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. De acordo com a FUP, enquanto a gestão de Roberto Castello Branco segue o discurso negacionista de Jair Bolsonaro, que acha que o coronavírus provoca apenas uma gripezinha, mais de 800 petroleiros contraíram a Covid-19 em várias unidades da empresa, segundo levantamento do Ministério das Minas e Energia.

De acordo com o boletim mais recente do ministério, divulgado terça-feira (5), a Petrobras tem em seus registros 1.642 casos de petroleiros com suspeita de coronavírus, 806 confirmados e 231 recuperados.

A situação é mais crítica nas plataformas, onde, até o dia 30 de abril, 329 trabalhadores já haviam testado positivo para a Covid-19, segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP). Na Bacia de Campos, os petroleiros estão sendo desembarcados em massa, como revela reportagem da repetidora da TV Globo no Norte Fluminense (veja tweets da FUP). 

Em nota publicada em seu site, a FUP questiona a direção da empresa: “Até quando a direção da Petrobras vai continuar fingindo que está tudo sob controle, se recusando a atender as medidas de prevenção cobradas pela FUP, principalmente, a testagem em massa de todos os petroleiros, inclusive os assintomáticos?”.

Desde 19 de março, quando a FUP apresentou à Petrobras propostas para proteger os trabalhadores durante a pandemia, as entidades sindicais vêm cobrando a implementação de medidas efetivas de prevenção, mas os gestores se negam a dialogar. Negligenciam ações sanitárias básicas e omitem informações sobre trabalhadores em grupos de risco e casos suspeitos e confirmados de infectados, aumentando a insegurança da categoria.

“Ainda não foi adotada NENHUMA medida efetiva de saúde pública para a proteção da saúde e vida dos trabalhadores e trabalhadoras que trabalham nas 91 plataformas, 17 refinarias e nos terminais do país. Pelo contrário, estes trabalhadores têm sido expostos pela negligência da Petrobrás que minimiza a letalidade do vírus e desconsidera os estudos sobre a alarmante taxa de mortes”, alerta a FUP no documento encaminhado ao Ministério Público Federal no final de abril.

A FUP também encaminhou ao MPF fotos das condições precárias das unidades do Sistema Petrobrás durante a pandemia. Os sindicatos têm recebido diversos relatos de trabalhadores denunciando a situação caótica: falta álcool em gel na maioria das unidades, há locais que sequer garantem água com regularidade, outras com banheiros sujos e sem sabão, aglomerações constantes, superlotação de alojamentos, ônibus e vans lotados, exposição frequente dos trabalhadores offshore a tripulações marítimas de outros países, sem qualquer controle sanitário.

Para a FUP, o Ministério Público Federal tem a obrigação de investigar a gestação Castello Branco, que está colocando em risco a vida e a saúde de milhares de trabalhadores. A entidade lembra o artigo 132 do Código Penal,  que fala em infração de medida sanitária preventiva (Art. 268), portanto,  crime contra as pessoas.

Veja aqui a íntegra da representação protocolada no MPF.

Com informações do site da FUP.