Escrito por: Rosely Rocha
Petrobras detém apenas 37,5% do capital da BR e estuda se desfazer desta participação que pode render pouco mais de R$10 bilhões. Para o povo, o negócio deve significar mais aumento de preços, diz Roni Barbosa
Mal assumiu a presidência da Petrobras, o general da reserva Joaquim Silva e Luna, já colocou em prática o plano do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) de continuar o desmonte da estatal. Desta vez, a direção da empresa quer vender o que lhe resta de participação na BR Distribuidora.
A venda vai colocar nas mãos de empresas estrangeiras e do mercado privado a distribuição dos combustíveis no país, o que pode provocar mais aumentos de preços nas cidades em que o acesso é difícil, avalia o secretário de comunicação da CUT Nacional, Roni Barbosa.
“Retirar a possibilidade de o povo brasileiro ter uma mínima incidência sobre a distribuição de combustíveis pode aumentar a desigualdade, diminuir a oportunidade de desenvolvimento de muitas cidades, e não estamos falando de estados mais pobres, mas de cidades até do interior de São Paulo”, afirma Roni Barbosa.
Segundo o dirigente, que também é petroleiro, a missão da BR Distribuidora de levar combustíveis a todo o país ficará comprometida, se a Petrobras vender o restante das ações que possui e o brasileiro não terá a quem reclamar.
“O brasileiro vai ter de ir para a China, para os Estados Unidos, para a Europa de se quiser reclamar, por que o governo Bolsonaro está vendendo as empresas públicas do país. Coisa que em nenhum lugar do mundo está acontecendo, principalmente por causa da pandemia , mas aqui vale entregar tudo, como quer Paulo Guedes [ministro da Economia]. Isto é lamentável”, conclui Roni.
A defesa das empresas públicas que o governo Bolsonaro quer privatizar, como Petrobras, a Eletrobras e os bancos públicos, é um dos temas que serão discutidos no 1º de Maio da CUT. Os dirigentes querem alertar a sociedade sobre os prejuízos que a venda do patrimônio do Brasil e dos brasileiros representa e atrair mais pessoas para a luta contra esse desmonte.
A Petrobras, que há algum tempo deu início ao desmonte da BR, hoje detém apenas 37,5% do capital da empresa e deve vender sua parte por pouco mais de R$10 bilhões, apesar da empresa ser lucrativa. Em 2020, a BR teve lucro líquido de R$ 3,9 bilhões, alta de 76,6%.
A BR Distribuidora é a maior distribuidora de postos de combustíveis do país com uma rede de mais de oito mil postos de combustível; outros sete mil grandes clientes e um total de 30 milhões de consumidores.
Luna e Silva foi indicado ao cargo de presidente da Petrobras em fevereiro deste ano por Bolsonaro, que dizia estar insatisfeito com os reajustes nos preços de combustíveis realizados na gestão de Roberto Castello Branco. Apesar da troca de comando os reajustes nos preços dos combustíveis continuam. O último aumento nas refinarias foi no dia 16 deste mês. O diesel teve reajuste de 3,7%, passando a custar R$ 2,76 o litro, e a gasolina subiu 1,9%,ao preço de R$ 2,64, o litro.
Até 2017, a Petrobras era a única proprietária da BR quando abriu mão de quase 29% das ações. Em 2019, vendeu mais de 30% do capital e pouco tempo depois reduziu sua parte para 37,5%, que agora anuncia a venda.
*Edição: Marize Muniz