Petroleiros baianos denunciam negligência da estatal no combate ao coronavírus
Gerencias da Petrobras tratam com descaso a prevenção do Covid-19 nas unidades da estatal e suas subsidiárias na Bahia, apesar de um caso ter sido registrado na RLAM e dois no Rio
Publicado: 25 Março, 2020 - 16h17 | Última modificação: 25 Março, 2020 - 16h23
Escrito por: Redação CUT
Petroleiros das unidades da Petrobras na Bahia estão trabalhando em locais superlotados e sem nenhum tipo de proteção, usando transportes cheios e não têm itens básicos de proteção ao novo coronavírus (Covid-19), como álcool em gel e até sabonetes nos banheiros, denuncia o Sindipetro-BA.
O descaso da Petrobras está provocando mais estresse e preocupação ainda porque um trabalhador da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), lotado no Conjunto Pituba, testou positivo para o vírus. O trabalhador infectado havia retornado de férias e trabalhou no 18º andar, do edifício Torre Pituba, entre os dias 9 e 13 de março. Além disso, a própria intranet da estatal destaca dois casos positivos entre funcionários lotados no Rio de Janeiro, admitindo que no total há 4 casos, mas não diz onde são os outros dois.
A diretoria do Sindipetro Bahia recebeu a denúncia gravíssima que no Terminal Marítimo da Transpetro, em Madre de Deus, continuam chegando navios de diversas partes do mundo e a tripulação está transitando na cidade e interagindo com as pessoas sem passar por inspeção sanitária.
O Sindipetro está levando essa denúncia ao conhecimento da Vigilância Sanitária e da Policia Federal.
Preocupados, petroleiros concursados e terceirizados têm enviado a direção do Sindipetro Bahia dezenas de denúncias que acusam as gerências da Petrobras de não estarem dando a devida importância às medidas de prevenção necessárias para impedir a disseminação do novo coronavírus nas unidades da petroleira e em suas subsidiárias.
Os trabalhadores e trabalhadores enviam, inclusive, vídeos e fotos mostrando que estão a situação em seus locais de trabalho.
Diretores do Sindipetro foram a algumas unidades operacionais da Petrobras e confirmaram que as denúncias procedem. Nas unidades de Santiago, Araças, Taquipe e Bálsamo, foram encontrados ônibus, vans e carros pequenos chegando lotados de trabalhadores, sem proteção ou acesso a frascos de álcool em gel.
A Refinaria Landulpho Alves, situada no município de São Francisco do Conde, é a mais problemática e de onde parte a maior quantidade de denúncias. O sindicato recebeu um vídeo que mostra o refeitório dos trabalhadores terceirizados lotado de pessoas, uma ao lado da outra e também sem proteção.
Outra reclamação é o horário de bater o ponto, quando se forma uma grande fila de funcionários.
Há problema também nas sondas terrestres. São 21 sondas, onde trabalham cerca de 1.000 empregados.
Os diretores da entidade sindical têm entrado em contato com as gerências das unidades reivindicando uma solução para o problema, pois esses trabalhadores, além de estarem se expondo acabam expondo também seus familiares e a população dos locais onde residem. A maioria mora em municípios como Alagoinhas, Catu, São Francisco do Conde, Cardeal da Silva, São Sebastião do Passé, Araças, Esplanada, Pojuca, Entre Rios, Madre de Deus e Salvador.
Em resposta ao Sindipetro a gerência da UO-BA já anunciou a redução de cerca de 70% do seu efetivo entre trabalhadores concursados e terceirizados.
Mas, infelizmente, as gerências das outras unidades continuam tratando o grave problema do coronavírus sem a seriedade devida.
Falta transparência
A descoberta feita pelos trabalhadores de um caso positivo de coronavírus dentro de uma das unidades da Petrobrás na Bahia expôs a falta de transparência da atual gestão da estatal, que vem escondendo dos seus funcionários informações importantes.
Essa falta de transparência está levando insegurança e pânico aos trabalhadores diretos e terceirizados. Soma-se a isso a falta de ações eficazes para proteger os funcionários do coronavírus.
No Torre Pituba, o pavor foi disseminado, pois ninguém sabe por onde o trabalhador infectado passou e com quem teve contato direto.
A Petrobras informou que já avisou aos órgãos competentes e está realizando mapeamento das pessoas que tiveram contato com o trabalhador, mas diante da postura que a estatal vem tomando, como confiar?
A sala onde ele trabalha já foi higienizada.
Com informações do Sindipetro Bahia