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Petroleiros contestam balanços financeiros que indicam prejuízos nas Fafen’s

 Para a FUP, o governo golpista de Temer quer vender empresas de fertilizantes com preço inferior ao valor real para estrangeiros   

Publicado: 23 Março, 2018 - 18h12

Escrito por: Rosely Rocha, especial para Portal CUT

Reprodução
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A Federação Única dos Petroleiros (FUP) está preparando um relatório para contestar estratégia privatista do golpista e ilegítimo de Michel Temer (MDB-SP) que divulgou balanços financeiros apontando supostos prejuízos nas Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen’s) dos estados da Bahia, Sergipe, Mato Grosso do Sul e Paraná com o objetivo de  vender as empresas a preço de banana para grupos internacionais.

Só na Fafen da Bahia foi apontado um prejuízo de R$ 200 milhões. Na do Paraná, R$ 400 milhões. Esses resultados causaram estranheza nos petroleiros, já que o principal insumo das fábricas é o gás, fornecido pela própria Petrobras, acionista majoritária das fábricas.

“O governo golpista alega que as empresas deram prejuízos nos últimos três anos, mas a verdade é que eles querem desvalorizar os ativos das Fafen’s para privatizar e vender por um preço muito aquém do que valem as fábricas”, denuncia Deyvid Barcelar, coordenador geral do Sindipetro da Bahia.

Segundo ele, a Yara, da Noruega, e a Acron, da Rússia, já demonstraram  interesses nas Fafen`s do Paraná e Mato Grosso do Sul.

Para defender milhares de empregos de trabalhadores e trabalhadoras, que correm o risco de ser demitidos caso as fábricas sejam vendidas, a FUP vem fazendo reuniões com políticos e empresários e realizando atos de protestos com funcionários das Fafen’s em todo o país.

Paralelamente, a FUP está tentando agendar uma reunião com o presidente da Petrobras, Pedro Parente, para a próxima terça-feira (27) para exigir explicações. Devem participar da reunião, além dos dirigentes sindicais, deputados, senadores e os governadores dos estados que serão mais atingidos financeiramente caso as fábricas fechem.

A Associação Brasileira de Indústrias Químicas (Abiquim) disse, em nota, que várias indústrias químicas correm o risco de parar suas atividades, pois não terão mais os insumos produzidos pelas Fafen`s.

“Somente em Camaçari, aqui na Bahia, serão dispensados 700 trabalhadores. Outros milhares de trabalhadores de fábricas do entorno da Fafen, de empresas de transporte e manutenção, também podem ser demitidos”, disse Deyvid.

As cidades onde as fábricas estão instaladas irão sofrer um grande baque econômico
- Deyvid Bacelar

Exatamente pelos prejuízos às finanças municipais e estaduais que o fechamento das fábricas pode causar, os sindicatos dos petroleiros conseguiram o apoio de prefeitos, governadores, deputados, vereadores e de empresários.

Segundo a FUP, as fábricas de fertilizantes nitrogenados têm uma importância fundamental para a soberania alimentar do país, já que a agricultura é responsável por 40% do PIB, e o setor dependerá totalmente da importação do produto.

A saída da Petrobras do segmento de fertilizantes, além de comprometer a soberania alimentar - já que o Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo e importa mais de 75% dos insumos nitrogenados -,  coloca o país na direção contrária de outras grandes nações agrícolas, cujos mercados estão em expansão. Os especialistas vêm alertando que a demanda global de fertilizantes deve elevar em até 15% os preços do produto.

Investimentos nos governos Lula e Dilma

Ao longo dos anos 2000, os governos Lula e Dilma trabalharam para reduzir a dependência externa de fertilizantes, através da implementação do Plano Nacional de Fertilizantes e da ampliação da participação da Petrobras no setor, com o desenvolvimento de novas fábricas, como a Fafen Uberaba e a Fafen Mato Grosso do Sul, que chegou a ter 85% das obras concluídas e agora está sendo entregue por Parente para empresas estrangeiras.

Estudos da época apontavam que se as novas plantas já estivessem produzindo, a necessidade de importação de fertilizantes nitrogenados seria hoje inferior a 10%.