Escrito por: Sindipetro Bahia
Uma homenagem aos petroleiros e petroleiras que no dia dia, no chão da fábrica, com muita dedicação, transformaram a Rlam na segunda maior refinaria do país em capacidade de processamento
Com um ato em frente ao portão principal da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na manhã dessa quarta-feira (19), o Sindipetro Bahia lançou a campanha “Rlam 70 anos, História, Luta e Resistência”, mantendo os cuidados necessários, a exemplo de distribuição de máscaras, como forma de prevenção contra o novo coronavírus (Covid-19).
A campanha em comemoração aos 70 anos da primeira refinaria nacional, que entrou em operação em 1950, tem o objetivo de mostrar para a sociedade a importância da Rlam para o desenvolvimento da Bahia através da geração de empregos (muitos indiretos), da arrecadação de royalties, ISS e ICMS e do investimento em ações sociais, que é uma marca da Petrobrás ao longo de sua história.
É também uma homenagem aos petroleiros e petroleiras que no dia dia, no chão da fábrica, com muita dedicação, transformaram a Rlam na segunda maior refinaria do país em capacidade de processamento.
O ato contou com a participação de muitos desses trabalhadores diretos, do turno e adm, que pararam para participar da mobilização e reafirmar o compromisso da luta em defesa da Rlam, que foi colocada à venda pelo governo Bolsonaro, apesar da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que proibiu a venda de estatais sem licitação pública e aval do Congresso Nacional. A Campanha também denuncia e tenta barrar essa venda ilegal.
Durante todo o mês, até a data de aniversário da refinaria, no dia 17 de setembro, serão realizadas diversas atividades que incluem lives com especialistas nas áreas econômica, jurídica e da indústria para discutir o papel da Rlam e sua importância para o estado da Bahia e para o Brasil. Além de anúncios em rádios, sites e campanha em outdoor.
O Coordenador Geral da FUP, Deyvid Bacelar, que é funcionário da Rlam, lembrou que “sem a Landulpho Alves não teríamos o Polo Petroquímico de Camaçari – o maior do Hemisfério Sul – e nem industrialização em nosso estado”. Ele conclamou a categoria e a sociedade baiana a se engajarem no processo de divulgação dessa campanha em defesa da refinaria. “Precisamos fazer a nossa parte pois a batalha não está perdida. O STF e o Congresso nacional ainda estão discutindo a legitimidade da venda da Rlam. É necessário pressionar da mesma forma como foi feito em 1953 com a campanha “O Petróleo é Nosso”, que levou à criação da Petrobrás.
A diretora do Sindipetro, Elizabete Sacramento, lembrou da importante atuação da Frente Parlamentar mista em defesa da Petrobrás, liderada pelo Senador Jean Paul Prates (RN), que está buscando o diálogo com outros parlamentares, secretários de estado e governadores, mostrando a inviabilidade desse processo de privatização da Petrobrás para o povo brasileiro”.
O provável comprador da Rlam (localizada no município de São Francisco do Conde, distante 71 KM de Salvador), já em fase de negociação, é um conglomerado internacional, o Mubadala Investment Company, que pertence ao governo da Arábia Saudita.
A mobilização foi também o fechamento de outra campanha do Sindipetro: a “Vigília Petroleira em Defesa da Petrobrás e da Bahia”, que, durante 13 dias, com um ônibus adesivado com esse mesmo slogan, percorreu todas as unidades do Sistema Petrobrás no estado e também as cidades onde estão instaladas essas unidades. Na oportunidade, o coordenador do Sindipetro, Jairo Batista, e os diretores conversaram com a população a respeito da importância de defender a permanência do Sistema Petrobrás no estado e tiveram reuniões com parlamentares e representantes de movimentos sociais. Os diretores também deram entrevistas nas rádios das cidades pelas quais a vigília passou. A campanha teve uma excelente repercussão na mídia com produção de matérias em sites, jornais e blogs.
A criação da Rlam foi impulsionada pela descoberta do petróleo na Bahia, a partir do Campo de Candeias, e pelo sonho de uma nação independente em energia.
Ao entrar em operação, antes mesmo da criação da Petrobras, a refinaria mudou a Bahia, que deixava para trás o modelo agrário, baseado na monocultura do café e rural, estabelecendo um novo ciclo econômico no estado apoiado na atividade industrial. Os trabalhadores, provenientes da pesca e da agricultura, aprenderam um novo ofício se transformando em petroleiros e mudando as suas vidas, de suas famílias e das comunidades onde viviam.
Para o pesquisador do INEEP, Henrique Jäguer, “essa mudança de país agrário-exportador para um país urbano e industrializado foi muito importante, pois o Brasil começava, de fato, a romper com a escravidão e sinalizar com a mobilidade social para os milhões de brasileiros que nunca deixaram, na pratica, de serem escravos”.
Mas, continua o pesquisador, “esse movimento de liberacão/ascensão foi interrompido pela ditadura, retomado com profundidade nos governos do PT e agora, sofre o maior retrocesso da história moderna do Brasil com o governo fascista de bolsonaro, que, não sem razão, escolheu a Rlam como primeira refinaria a privatizar, como um sinal inequívoco de ruptura com o processo de industrialização induzido pelo Estado e da volta do país ao modelo primário-exportador”.