Petroleiros da Fafen-PR aprovam greve por tempo indeterminado a partir de fevereiro
No quarto dia de ocupação contra o fechamento da fábrica, petroleiros aprovaram, por unanimidade, greve que vai atingir todo o sistema Petrobras a partir de 1º de fevereiro
Publicado: 24 Janeiro, 2020 - 11h38 | Última modificação: 24 Janeiro, 2020 - 13h24
Escrito por: Marize Muniz
Os petroleiros e petroleiras da Araucária Nitrogenados (ANSA), também conhecida como Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen-PR), decidiram na manhã desta sexta-feira (24) entrar em greve por tempo indeterminado no próximo dia 1º de fevereiro para impedir o fechamento da unidade, anunciado pela direção da Petrobras.
Os trabalhadores, que estão ocupando a fábrica desde a manhã de terça-feira (21), aprovaram por unanimidade a paralisação proposta pela Fundação Única dos Petroleiros (FUP) para todo o sistema Petrobras para defender a Fafen-PR e todas as empresas de exploração e produção; refino, comercialização, transporte e petroquímica; distribuição de derivados; gás natural e energia que pertencem a petroleira.
Não é só a Fafen-PR que está ameaçada pela política de desmonte, privatista e de desrespeito aos trabalhadores e ao país. Por isso, a greve é para defender o sistema Petrobras como um todo, afirma o diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e do Sindiquímica-PR, Gerson Castellano.
“Se passar a Fafen, passa o resto”, diz o dirigente se referindo ao fechamento de unidades em todo o Brasil e à privatização da Petrobras, patrimônio do povo brasileiro.
Se tivermos sucesso, e a gente acredita nesta luta, todos terão.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, o posto Ipiranga do governo de Jair Bolsonaro, já defendeu a privatização da Petrobras em diversas ocasiões, seja em entrevistas ou encontros com empresários. E o processo de venda das empresas brasileiras começa sempre com desmonte, falta de investimentos, demissões e fechamento de unidades.
O presidente Sindipetro PR/SC, Mário Dal Zot, alerta que é preciso deixar muito claro para a sociedade brasileira essa política de “desinvestimento” adotada pela Petrobras e demais empresas deste governo não gera emprego e renda que é o que o Brasil e o Paraná, ameaçado pelo risco de fechamento da Fafen, precisam.
“Gerará desemprego ou empregos mais precários apenas”, diz o dirigente.
Para ele, só com investimentos, seja público ou privado, o Brasil gerará novos empregos e movimentará a economia gerando renda.
De acordo com Mário Dal Zot , a grana que vem de fora com a venda de unidades da Petrobras não é investimento novo. Os empresários estrangeiros, afirma, compram o que já está pronto. “Vêm para precarizar as relações de trabalho”. E gerar “desemprego, como está ocorrendo com a FAFEN-Araucária", diz.
“Tem um potencial enorme para investimento tanto em Araucária quanto em São Mateus do Sul agregando valor aos produtos da REPAR [Refinaria Presidente Getúlio Vargas ou Refinaria do Paraná] e da SIX [Unidade de Industrialização do Xisto], gerando emprego e renda aqui e não lá fora como está sendo proposto. As políticas públicas devem estar voltadas para isso e não da forma como está acontecendo”, explicou o presidente Sindipetro PR/SC.
Mas, ao contrário do que é preciso fazer, a direção da Petrobras vem adotando um política interna de redução de produção, ou seja vem trabalhando onde bem quer nas suas unidades de refino, com capacidade reduzida, afirma Mário Dal Zot.
De acordo com o dirigente, muitas vezes, a Repar trabalha com 60% da capacidade, alegando questões técnicas, como o tipo de petróleo que está processando, com mais ou menos sal, mais ou menos denso.
“Uma empresa como a Petrobras, com um sistema logístico fenomenal e com o principal modal de transporte sendo por navios poderia direcionar para qualquer unidade outras refinarias qual produto e onde deve ser refinado”, afirma.
O que vemos é uma clara ordem de diretoria para diminuição da produção tentando mostrar uma ineficiência que não existe.
Ele explicar que com essas decisões a empresa cria a necessidade de importação de produtos como o diesel sujeitando brasileiros ao preço – em dólar - absurdo do produto.
“E mesmo que parte dessas mentiras tivessem um pouco de solidez e não tem, deveríamos estar ampliando nosso parque de refino, construindo refinarias, dado a demanda grande que temos do pré-sal”, afirma o presidente do Sindipetro PR/SC.
O dirigente diz, ainda, que em um país em sua maior parte agrícola, onde há necessidade de tratar a terra e o que se planta nela com tecnologias avançadas, não dá para plantar e tratar com minhocas ou sulfato disso e daquilo porque a demanda é muito grande. É preciso garantir insumos em escala industrial.
“E não é fechando unidades de fertilizantes da Petrobras que andaremos para frente. E sim, abrindo novas unidades , modernizando e valorizando as existentes”, diz Mário Dal Zot, complementando: “Feliz o município ou o estado que têm uma planta industrial para tratar a terra, a sua e das demais da união”.
“O desmonte do sistema Petrobras e suas subsidiárias é a política de venda do Brasil desse desgoverno atual. Mas, nós não estamos a venda!”, conclui o presidente Sindipetro PR/SC.