Petroleiros denunciam desmonte da Petrobrás no Fórum Social Mundial
"É preciso barrar o golpe e fazer a Petrobrás voltar a ser a indutora do desenvolvimento nacional", defendem
Publicado: 15 Março, 2018 - 12h01 | Última modificação: 15 Março, 2018 - 12h23
Escrito por: FUP
O desemprego em massa e o empobrecimento dos municípios do interior dos estados brasileiros são reflexos diretos dos cortes de investimentos da Petrobrás que a gestão privatista de Pedro Parente vem impondo à companhia desde que o golpista e ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) assumiu o poder por meio de um golpe de Estado.
As regiões Nordeste e Norte do país são as mais afetadas, daí a importância da mesa “O Petróleo como fonte indutora do desenvolvimento regional” ter denunciado as mazelas dessa política durante o Fórum Social Mundial, que reúne, em Salvador, cerca de 50 mil pessoas, entre lideranças políticas e ativistas sociais de 120 países. A mesa foi organizada pelo Sindipetro-BA, com apoio e participação da Federação Única dos Petroleiros (FUP), e reuniu nesta quarta-feira, 14, à noite trabalhadores e estudantes no Auditório Margarida Alves, na tenda da CUT.
A pesquisadora Caroline Vilain, do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (INEEP), falou sobre o panorama cronológico da importância do setor de óleo e gás para os municípios do norte do Espírito Santo e estados do nordeste e norte do País.
A Petrobrás, segudo a pesquisadora, teve um papel preponderante no desenvolvimento dessas regiões, principalmente ao longo dos anos 2000, com investimentos que foram fundamentais para o crescimento do PIB e dos indicadores sociais de municípios historicamente castigados pela pobreza. “Hoje, assistimos a um movimento inverso, com a Petrobrás abandonando seu papel desenvolvimentista, cortando investimentos e vendendo ativos cruciais para as economias dos municípios do nordeste”, destacou.
O coordenador-geral da FUP, José Maria Rangel, como forma de dialogar com o atual momento político e econômico vivido no Brasil, leu um trecho do histórico discurso que o presidente João Goulart fez há 54 anos, na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, pouco antes de sofrer o golpe miliar: “A democracia que eles desejam impingir-nos é a democracia antipovo, do anti-sindicato, da anti-reforma, ou seja, aquela que melhor atende aos interesses dos grupos a que eles servem ou representam. A democracia que eles querem é a democracia para liquidar com a Petrobrás; é a democracia dos monopólios privados, nacionais e internacionais”.
José Maria ressaltou a similaridade entre os fatos do passado e do presente. “Não podemos, em hipótese alguma, esquecer o objetivo do impeachment e que esse golpe de hoje, assim como no passado, tem a digital da mídia, que, historicamente, sempre defendeu os interesses das elites brasileiras”, declarou, chamando a atenção para os ataques que os golpistas fizeram contra a Petrobrás, que deixou de ser a indutora do desenvolvimento do país e não tem mais qualquer responsabilidade social.
“A saída que nós temos é pela esquerda, é um levante do povo brasileiro, é não permitir que Lula seja preso e retomar um projeto de nação onde quem esteja no centro do poder volte a ser o povo brasileiro”, destacou.
O petroleiro Alexandre Castilho, diretor do Sindipetro Unificado de SP, lembrou que a Petrobras está sendo gerida como se fosse uma empresa privada, “a serviço de um plano de governo que não foi referendado pelo povo nas eleições”.
Ele fez um paralelo entre o desmonte dos ativos da empresa no nordeste e o sucateamento do refino, reiterando que fazem parte da mesma estratégia de privatização que Pedro Parente vem colocando em prática. “Enquanto a atual gestão reduz o refino, as importadoras de derivados aumentam seus lucros”, denuncia, ressaltando que esse desmonte está levando o país a um neocolonialismo. “Estamos exportando óleo cru e importando derivados”, lamentou.
O diretor do Sindipetro-BA, Radiovaldo Costa, denunciou os impactos do desmonte da Petrobrás na Bahia, onde a empresa é responsável por um quarto da arrecadação de ICMS do estado. “Há seis anos, tínhamos 45 sondas de produção aqui no nosso estado e 14 sondas de perfuração, o que representou a geração de 4 mil empregos, somente nesse segmento. Hoje, com o entreguismo de Parente, que busca exatamente o inverso, nós temos um total de 19 sondas e perdemos mais da metade dos postos de trabalho”, revelou.
Ele fez um chamado aos participantes do Fórum: “Precisamos discutir profundamente o ataque à Petrobras, que foi um dos principais eixos do golpe, e construir frentes de resistência ao desmonte da empresa, que está nos levando a perder o controle sobre uma fonte estratégica de energia”.
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