Escrito por: Marize Muniz
Protesto será nesta terça, às 13h30, em frente a Alep, que vai conceder título de Cidadão Honorário do Paraná ao general privatista e responsável pela política de preços extorsivos dos combustíveis da Petrobras
Responsável por manter a política de Preço de Paridade de Importação (PPI) dos combustíveis alinhada às cotações do dólar e do petróleo no mercado internacional, que contribui para a disparada da inflação, o presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, vai receber o título de Cidadão Honorário do Paraná, nesta terça-feira (19), às 14h30, no plenário da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).
Do lado de fora vai receber uma recepção “calorosa”, mas diferente da não merecida homenagem, será de cobrança pelo mal que a sua gestão vem fazendo ao Brasil e aos brasileiros, em especial os mais pobres, os mais atingidos pela carestia, e aos trabalhadores e trabalhadoras que perdem seus postos de trabalho com a política de desinvestimento do general, que prejudica a economia do país.
Representantes do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro-PR/SC) e de outras entidades sindicais estarão na Alep para receber o presidente privatista da Petrobras com uma imensa vaia. É o que eles chamam de um “esculacho contra o general”, que começará às 13h30.
A homenagem ao presidente da companhia é descabida, reage o presidente do Sindipetro Paraná e Santa Catarina, Alexandro Guilherme Jorge, ao título proposto pelo deputado estadual Soldado Fruet (PROS) e aprovado pela maioria dos parlamentares do estado.
“É um absurdo conceder título de cidadão honorário a uma pessoa que tanto faz para lesar o povo paranaense e brasileiro. Silva e Luna merece vaias, não homenagens”, afirma.
O Sindepetro PR/SC lista as razões para o esculacho, muito mais consistentes do que as razões para uma homenagem:
Alta dos preços dos combustíveis
Com o último reajuste anunciado pela Petrobras, de 7,2%, que entrou em vigor no dia 9, já é possível encontrar gasolina a mais de R$ 7 por litro em seis estados, segundo a pesquisa da Associação Nacional do Petróleo (ANP): Mato Grosso, Piauí, Acre, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. O preço mais alto, R$ 7,499 por litro, foi registrado em Bagé (RS).
Já o preço do botijão de 13 quilos atingiu o valor médio de R$ 100,44. Em Mato Grosso, Rondônia e no Rio Grande do Sul, é possível encontrar o botijão a R$ 135.
Benefício para acionistas
Enquanto a população paga caro pelos combustíveis, os acionistas da petrolífera já receberam em 2021 o montante de R$ 41,9 bilhões em dividendos, reflexo de uma gestão voltada apenas à geração de lucro para os investidores.
Desinvestimento
O chamado “plano de desinvestimentos” de Luna e Silva consiste em vender ativos de produção da empresa e diminuir cada vez mais sua participação no mercado nacional.
Venda de fábrica de fertilizantes
A administração do general mandou fechar duas fábricas de fertilizantes nitrogenados da Petrobrás. Outras duas foram arrendadas. Agora, há escassez do produto para a agricultura e o risco de desabastecimento de alimentos no país. Uma das unidades inutilizadas, a Fafen Paraná, está localizada em Araucária, na região metropolitana de Curitiba.
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Luna, o general dos altos salários
A justificativa do deputado do PROS para a homenagem é a atuação do militar da reserva durante sua gestão como diretor brasileiro da Itaipu Binacional.
A gestão Luna e Silva na Itaipu Binacional também é responsável por um bônus concedido a todos os funcionários de Itaipu, fixos e temporários, equivalente a 2,8 salários como compensação de possíveis perdas decorrentes do acordo coletivo de trabalho.
Com a medida, Luna, que tinha salário de R$ 79 mil, também ganhou o pagamento extra no fim de 2019. Recebeu R$ 221,2 mil em indenização, livre de Imposto de Renda.
Juntos, os seis diretores da empresa ganharam R$ 1,3 milhão. Com salários de R$ 76 mil, cada um dos outros cinco diretores, além de Luna, foi gratificado com R$ 212,8 mil.
Na Petrobras, o general tem rendimento de R$ 260 mil por mês, somando a remuneração do Exército, de R$ 32,2 mil brutos, e os ganhos fixos (R$ 200 mil) e variáveis pagos pela estatal.
O salário chamou a atenção da Controladoria-Geral da União (CGU) que decidiu investigar os salários milionários do militares. O mais alto é o de Luna e Silva, claro.
Com informações do Sindipetro-PR/SC