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Petroleiros e químicos querem impedir fechamento da Fafen e Repar

Autoridades municipais de Araucária (PR) , representantes dos sindicatos dos petroleiros e químicos cobram posição do governador do Paraná, Ratinho Jr, e esclarecimentos da direção da Repar e Fafen sobre fecham

Publicado: 27 Novembro, 2019 - 17h44 | Última modificação: 27 Novembro, 2019 - 17h57

Escrito por: Redação CUT

Reprodução
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O aumento no preço da carne de boi, do preço da gasolina, a queda de arrecadação dos municípios do Paraná, o fim de um pólo industrial que vem sendo construído há mais de 40 anos, a perseguição aos trabalhadores e trabalhadoras que defendem a Petrobrás como empresa estatal, foram, entre outros assuntos, debatidos na Audiência Pública sobre os impactos da privatização da Petrobrás, nessa terça-feira (26), em Araucária (PR).

Em consenso, representantes dos sindicatos dos petroleiros, químicos, estudiosos do setor de petróleo e gás e autoridades locais querem impedir a venda e o fechamento da Refinaria do Paraná (Repar)  e da Fábrica de Fertilizantes (Fafen/Araucária). E como parte da estratégia de defesa das empresas estatais, eles decidiram cobrar do governador do Paraná, Ratinho Jr, uma posição sobre a venda das unidades, além de explicações da direção das empresas sobre os processos de venda e até possível fechamento das duas empresas.

Segundo Roni Barbosa, secretário de Comunicação da CUT e representante da Federação Única dos Petroleiros (FUP), na audiência pública, uma das preocupações da categoria é a falta de esclarecimento por parte da direção da Petrobras que não comunica aos seus trabalhadores e trabalhadoras, nem à população, quem vai comprar as unidades, de que forma será efetuada a venda e qual o futuro da Repar e da Fafen.

“Sabemos apenas que em fevereiro, período que compreende as férias escolares e o Carnaval, que a Repar e a Fafen podem ser fechadas ou vendidas. A direção da Petrobrás deve assinar um contrato de compra e venda com próximo comprador, justamente nesta época do ano, se aproveitando das férias da maioria das pessoas. A data é para que não haja resistência e que para eles [Paulo Guedes, ministro da Economia e Roberto Castelo Branco, presidente da Petrobrás] possam decidir tudo a portas fechadas, sem consultar a população sobre este patrimônio brasileiro, que é a Petrobras”, diz.

“Por isso, é de fundamental importância cobrar uma posição do governador do Estado e esclarecimentos da direção das empresas. É a vida de milhares de trabalhadores e o desenvolvimento do estado e dos municípios que estão em jogo”, alertou Roni.

À direita, Roni Barbosa, fala em defesa da Petrobrás

O dirigente denunciou  a perseguição, as ameaças de demissões e outras punições, que vem sofrendo os trabalhadores da Repar e Fafen,  que nem mesmo dentro das empresas podem utilizar um simples adesivo em defesa da Petrobras, como empresa estatal.

“Os trabalhadores estão adoecendo e sofrendo demais pela perseguição por defenderem a Petrobras”

Impacto no preço da carne

O impacto do fechamento da Fafen pode chegar à mesa do brasileiro. Segundo, o presidente do Sindicato dos Químicos do Paraná, Santiago dos Santos, a suspensão da entrega de ureia (material derivado do gás natural usado para fazer fertilizantes e ração para o gado) para o mercado brasileiro, em decorrência da crise na Bolívia, já atinge o agronegócio, especialmente os estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Segundo o dirigente a uréia poderia ser produzida no Brasil pelas Fafens, mas o governo insiste em suspender ou fechar a produção das unidades.

“20% da arrecadação do PIB [Produto Interno Bruto ] do país vem do agronegócio. No começo do ano passado havia  13 empresas de ureia em operação no país e de lá para cá, por uma decisão política da direção da empresa já fecharam  duas fábricas de fertilizantes, uma em Sergipe e outra Bahia , e podem fechar a de Araucária . Agora o pessoal da pecuária,  no Mato Grosso, está gritando que não tem mais comida para alimentar o gado. É por isso que o preço da carne subiu nos últimos dias”, denunciou Santiago.

Privatização não gera emprego, nem diminui preço do combustível

É um mito achar que a privatização da Petrobras vai gerar emprego de qualidade e renda e ainda diminui o preço dos combustíveis, afirmou Eduardo Costa Pinto, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

“Como a Petrobras tem agora os preços alinhados com o mercado internacional significa que o preço vai aumentar e não cair porque não vai ter concorrência”, esclareceu o pesquisador da UFRJ.

Importância da Repar e Fafen para a economia do Paraná e Araucária

Já o economista e mestre em Desenvolvimento Econômico da Universidade  Federal do Paraná, Fabiano Camargo da Silva , falou sobre os impactos da privatização da Petrobras nos empregos e nas atividades industriais do estado, um pólo que vem sendo construído há 40 anos,  com a Repar tendo um papel importante por ser a terceira maior atividade industrial do Paraná.

“A cada 10 atividades industriais no Paraná, sete tem impactos diretos e indiretos a partir da Repar. Nenhuma atividade econômica tem impacto tão grande na economia do estado, em termos de cadeia produtivas, quanto tem a Refinaria do Paraná”, afirmou o economista.

A possível venda ou fechamento da Repar pode deixar desempregados quase mil trabalhadores e trabalhadoras diretos e indiretos, no município de Araucária. Eles representam 3% do emprego formal na cidade. Caso sejam demitidos, somente em valores salariais, deixarão de circular na cidade R$ 5 milhões ao mês. A fábrica também é responsável por 55% da arrecadação de impostos. 

Segundo o secretário de Governo da cidade, Genildo Pereira Carvalho, a Petrobrás é responsável, em Araucária, por mais de 24 bilhões (74%) do Valor Adicionado Fiscal - índice formado pelas informações dos contribuintes relativo aos seus movimentos econômicos, que servirão de base para os repasses constitucionais sobre os valores das receitas de impostos recolhidos pelos Estados e pela União.

 Audiência Pública - composição da mesa

Participaram da composição da mesa da Audiência Pública, o presidente da CUT/PR, Márcio Kieller, o secretário de comunicação da CUT, Roni Barbosa, a presidenta da Câmara Municipal de Araucária, Amanda Nassar, os vereadores Aparecido Ramos e Fábio Alceu, o deputado estadual Requião Filho (MDB-PR), o presidente do Sindiquímicos Paraná, Santiago dos Santos, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Montagem, Manutenção e Prestação de Serviços nas Áreas Industriais do Estado do Paraná (Sindimont), Gilmar Carlos Lisboa e o secretário de Governo da cidade, Genildo Pereira Carvalho.