Escrito por: Carol Athayde, do Sindipetro Bahia

Petroleiros paralisam campos da Petrobras na Bahia nesta segunda (19)

Sindipetro-BA realiza ato em frente à filial da ANP, em Salvador

Divulgação/Petrobras

Em protesto contra a paralisação dos campos de produção de petróleo e gás da Petrobras, na Bahia, o Sindipetro promove um protesto em frente à filial da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) (Avenida Tancredo Neves, nº 450), em Salvador, nesta segunda-feira (19), às 10h.

Vão participar da mobilização, prefeitos, vereadores e moradores das cidades de Esplanada, Cardeal da Silva, Entre Rios, Alagoinhas, Catu, São Sebastião do Passé e Araças. E ainda diretores do Sindipetro Bahia, trabalhadores do ramo do petróleo, associações de trabalhadores, representantes de centrais sindicais e de diversos sindicatos. Além de senadores e deputados federais e estaduais e representantes do governo do estado da Bahia. E também outras entidades representativas da categoria petroleira.

Na quinta-feira (15), a Petrobras iniciou o processo de paralisação de 37 campos de produção de petróleo e gás na Bahia, obedecendo a uma determinação da ANP, que após realizar auditoria na UN-BA (Unidade de Negócios da Petrobrás) e encontrar problemas e irregularidades, determinou a paralisação total desses campos.

A preocupação do Sindipetro, dos prefeitos e parlamentares é quanto às consequências dessa paralisação, que pode durar cerca de seis meses, ou mais. Além da perda de receitas com a suspensão do pagamento de royalties e ISS pela Petrobras, a paralisação das atividades nos campos vai levar à demissão em massa: 4.500 trabalhadores terceirizados podem perder seus empregos, pois as empresas terão seus contratos com a Petrobras suspensos ou reduzidos, sendo obrigadas a demitir.

O Sindipetro Bahia considera esta uma decisão absurda e desnecessária e sustenta que os problemas e irregularidades encontrados pela auditoria poderiam ser resolvidos de outra forma, estipulando prazos de acordo com a urgência das questões levantadas e com a continuidade das atividades nos campos. Esta mesma posição é defendida pela Petrobras.

Auditoria seletiva

O Sindipetro Bahia chama a atenção para o fato de a ANP não ter determinado a paralisação dos Parques Recife, São Paulo e São Sebastião, localizados nas cidades de Pojuca, Candeias e São Sebastião do Passé, respectivamente, que também são operados pela Petrobras. Esses Parques, apesar de apresentar os mesmos problemas dos outros campos de petróleo, não foram sequer auditados.

Para o diretor de comunicação do Sindipetro, Radiovaldo Costa, “a ANP agiu de forma seletiva para não prejudicar as empresas privadas que dependem desses Parques para que o petróleo que produzem seja tratado e escoado para a Refinaria de Mataripe”.

Radiovaldo chama a atenção para a grandiosidade do que envolve esta paralisação. “É como se estivesse sendo totalmente paralisada uma das dez maiores empresas da Bahia, pois a UN-BA, que administra esses campos de petróleo, é um negócio de cerca de 4 bilhões de reais por ano de faturamento bruto. Se acontecesse isso em estados como Minas Gerais, São Paulo ou Rio de Janeiro, os prefeitos, governadores, parlamentares e a sociedade ficariam de braços cruzados? Certamente que não. E na, Bahia, também está tendo reação”.

Com a paralisação, no que diz respeito à arrecadação, serviços prestados, geração de empregos e economia local, serão afetados os municípios de Esplanada, Cardeal da Silva, Entre Rios, Alagoinhas, Catu, São Sebastião do Passé e Araças e cidades adjacentes.

Reunião com a ANP e a Petrobras

Logo que a ANP anunciou a sua decisão de paralisar as atividades dos campos de petróleo na Bahia, a direção do Sindipetro, juntamente com uma comitiva de prefeitos e vereadores das cidades atingidas pela medida, se reuniu com o diretor geral da ANP, Rodolfo Henrique de Saboia e a diretora, Symone Araújo, entre outros, para tentar sensibilizar a agência para as consequências sociais e econômicas para a Bahia dessa paralisação, mas não houve entendimento. Eles também se reuniram com o Gerente Executivo de Terras e Águas Rasas da Petrobrás, Paulo Marinho, na sede da empresa, no Rio de Janeiro.