Petroleiros param Refinaria Presidente Getúlio Vargas, no PR, em defesa da vida
Greve sanitária é por tempo indeterminado. Além da Covid-19, podem acontecer acidentes na parada para manutenção, que pode ser adiada, e não ter leito de UTI para atender trabalhador, dizem sindicalistas
Publicado: 12 Abril, 2021 - 11h49 | Última modificação: 12 Abril, 2021 - 14h45
Escrito por: Marize Muniz
Os petroleiros e petroleiras da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), da Petrobras, em Araucária, no Paraná, paralisaram as atividades na manhã desta segunda-feira (12) reivindicando respeito à vida e a saúde.
A categoria exige que a petroleira suspenda por tempo indeterminado a manutenção da unidade pelo menos durante o período crítico da pandemia, que está colapsando o sistema de saúde em praticamente todo o País.
“A nossa preocupação é com a contaminação pela Covid-19, [doença provocada pelo novo coronavírus], e também com o risco de acidentes durante a manutenção, como vazamento de produtos químicos, por exemplo, e não ter vaga na rede hospitalar para atender o trabalhador”, afirma o presidente do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro PR/SC), Alexandro Guilherme Jorge.
De acordo com o dirigente, durante a parada de manutenção na Refinaria Gabriel Passos, em Minas Gerais, mais de 200 petroleiros se contaminaram e cinco morreram de Covid-19. No site da Federação Única dos Petroleiros (FUP) tem várias denúncias de acidentes durante paradas de manutenção, um deles ocorreu em 2010 na própria Repar, e outro na Refinaria de Paulínia, em 2018.
A Repar tem entre 1.600 e 1.700 trabahadores, mas durante as paradas de manutenção, que ocorrem a cada dois, três, quatro ou cinco anos, dependendo do equipamento, outros 2 mil trabalhadores são acrescentados ao parque industrial, aumentando a circulação de pessoas no local e, consequentemente, os riscos de contaminação, explica o petroleiro Roni Barbosa, secretário de Comunicação da CUT Nacional.
Além disso, o trabalho envolve risco de contaminação com produtos quimicos, como petroleo, gás e outros. Durante a manutenção, os taques com esses produtos são esvaziados e vazamentos podem ocorrer, alerta o sindicalista.
“Não é essencial, não precisa fazer essa parada agora, pode ser adiada e salvar vidas”, diz Roni que reforça a preocupação da categoria com o colapso nos sistemas de saúde público e privado. “Se um petroleiro se contaminar com Covid ou sofrer um acidente de trabalho, não vai ter hospital com leitos de UTI para salvar a sua vida”.
De acordo com o dirigente, a direção da petroleira não dá informações para o sindicato sobre as contaminações na Repar, mas a entidade já soube de pelo menos 3 mortes de trabalhadores terceirizados em apenas10 dias.
A greve sanitária é por tempo indeterminado e será reavaliada todas as tardes com a categoria, que já enfrenta ameaças e pressões da supervisores e gerentes da unidade da Petrobras, como o não pagamento dos salários no próximo dia 25.
“Vamos reavaliar diariamente porque a nossa greve é dinâmica, pode ser que tenhamos de mudar a estratégia. Hoje, por exemplo, temos negociação com a direção da Petrobras, às 11h30, e temos de passar informes para os trabalhadores”, explica o presidente do Sindipetro PR/SC.
Segundo Alexandro Guilherme Jorge, a greve teve uma boa adesão, inclusive do pessoal administrativo, mas como a maioria está em teletrabalho, a adesão que dá para avaliar é a do pessoal de turno, os que correm mais riscos de acidente e contaminação durante a manutenção. “A maioria aderiu”, afirma.
A Petrobras já registrou vinte mortes de trabalhadores próprios pela doença e tem 339 infectados, em quarentena, e 47 hospitalizados, de acordo com a Federação Única dos Petroleiros (FUP), que se baseou no último boletim de monitoramento da Covid-19 (nº 51) do Ministério de Minas e Energia (MME),