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Petroleiros que ocuparam sede da Petrobras no Rio estão há 4 dias sem comida

Representantes da Comissão Nacional de Negociação Permanente da FUP tentam dialogar com a direção da Petrobrás desde a última sexta, quando decidiram permanecer na sala de reunião do 4º andar da sede da empresa

Publicado: 03 Fevereiro, 2020 - 16h16

Escrito por: CUT-RJ, com edição da Secom Nacional

Reprodução/Facebook
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A manhã e a tarde desta segunda-feira (3) estão sendo de muita tensão em frente ao edifício da sede da Petrobrás no Centro do Rio, onde desde a última sexta-feira (31), representantes da Comissão Nacional de Negociação Permanente da Federação Única dos Petroleiros (FUP), decidiram permanecer na sala de reunião da estatal para forçar a direção da empresa a dialogar com os representantes dos trabalhadores.

Desde sábado (1º), petroleiros e petroleiras de todo o país estão em greve contra a demissão de mil companheiros da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR), que deve ser fechada pela Petrobras.

Já a ocupação, outra forma de pressão da categoria, ocorre de forma pacífica no quarto andar do edifício da Petrobras, onde funciona a Gerência de Gestão de Pessoas, com quem os diretores da FUP tiveram uma reunião na sexta para cobrar a abertura de um canal de diálogo com a entidade, buscando o atendimento da pauta de reivindicações aprovada pelos petroleiros nas assembleias que deliberaram pela greve.

Mas, enquanto os petroleiros querem negociar o descumprimento do acordo coletivo, a reversão das demissões e do fechamento da Fafen-PR, a direção da Petrobras preferiu transformar a resistência em caso de polícia. Quase uma dúzia de carros da polícia chegou à sede da Petrobras para tentar intimidar a manifestação em apoio aos petroleiros acampados dentro da empresa.  

Dentro do edifício a situação não é diferente. A direção da Petrobras mandou cortar a ventilação, a água e a energia elétrica no andar e só voltou atrás no  sábado quando a Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro negou liminar à Petrobrás, que pretendia expulsar a Comissão do prédio. Além disso, determinou o restabelecimento da luz e da água sob pena de multa de R$ 100 mil por hora de descumprimento.

Na decisão liminar, a juíza Rosane Ribeiro Catrib, enfatizou a legitimidade da ação dos petroleiros que considerou um sinal de resistência, próprio do jogo democrático.

“O que se vê é a legítima atuação do Sindicato no sentido de persuadir a empresa à negociação. Negociação frustrada após uma reunião para a qual foram convidados e não saíram porque, como já dito, permanecem em mesa para negociar. É um sinal de resistência, próprio do jogo democrático”, conclui a juíza no documento.

Nesta segunda-feira a demanda dos grevistas na porta do prédio era a mais básica de todas: garantir a chegada de alimentos à Comissão, que se encontra desde sexta-feira sem comer.

A empresa negou a entrada de uma cesta básica, mesmo com a disponibilização de que fosse vistoriada pela Polícia Militar para garantir que continha somente alimentos. Parlamentares que têm prerrogativa de acesso em qualquer prédio público, também tiveram seu acesso negado.

A deputada Jandira Feghali, que é médica, pretendia checar a integridade física dos membros da Comissão, ainda assim, também foi impedida no que segundo ela é a primeira vez que ocorre em toda sua vida pública como parlamentar. A deputada denunciou a truculência da estatal na sua página no Twitter:

A CUT Rio esteve presente durante todo o dia com os trabalhadores do lado de fora do prédio, se manifestando de maneira pacífica e o seu presidente da Central, Sandro Cezar, também tentou abrir canais de negociação.

Diversos dirigentes CUT Rio estiveram no local prestando sua solidariedade e empenho na luta, que não terminará hoje e precisará de todo apoio possível para ser vitoriosa. O que está em jogo é o desmonte de uma das principais empresas nacionais, com tecnologia de ponta e capacidade ímpar para o desenvolvimento da indústria nacional.