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PF abre inquérito para investigar genocídio contra povos Yanomami

Investigação vai apurar crimes de genocídio, omissão de socorro, crimes ambientais, além de outros delitos que possam ter ocorrido nas terras Yanomami

Publicado: 26 Janeiro, 2023 - 10h54 | Última modificação: 26 Janeiro, 2023 - 12h08

Escrito por: Redação RBA

Divulgação/Funai
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A Polícia Federal (PF) abriu nesta quarta-feira (25) um inquérito para investigar a ocorrência de crime de genocídio contra indígenas Yanomami. A abertura de investigação atende a uma ordem do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. Ele se baseou em relatório do Ministério dos Povos Indígenas, que revelou que pelo 570 crianças indígenas morreram de desnutrição nos últimos quatro anos.

Em nota, a PF disse que irá “apurar os crimes de genocídio, omissão de socorro, crimes ambientais, além de outros crimes conexos em Terras Indígenas Yanomami”. A superintendência da PF em Roraima ficará responsável pelo inquérito, que correrá em sigilo.

Em documento enviado à PF ontem, Dino citou “incentivo político a garimpos ilegais em terras indígenas, o abandono no que tange à disponibilização de ações e serviços de saúde, bem como a ausência de estratégias para garantia da segurança alimentar aos Yanomami”.

Na última sexta-feira (20), Ministério da Saúde declarou estado de emergência de saúde pública no Território Ianomâmi, a maior reserva indígena do país. No último sábado (21), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e uma comitiva de ministros visitaram a Casa de Saúde Indígena (Casai) Yanomami, em Boa Vista. Ele classificou a situação dos indígenas como “desumana” e responsabilizou o ex-presidente Jair Bolsonaro: “Em vez de fazer tanta motociata, deveria ter vergonha e ter vindo aqui”.

Dolo ou negligência

Em entrevista à GloboNews, Dino disse hoje que há “centenas” de documentos que foram enviados aos ministérios e vários órgãos públicos nos últimos anos comunicando o governo anterior sobre a tragédia dos Yanomami.

Nesse sentido, disse que os agentes públicos terão que explicar à PF porque não agiram. “A PF deve apurar se foi algo doloso ou foi puramente negligência”, afirmou o ministro. “O que vimos no sábado é que há um desmonte na estrutura de atendimento aos Yanomami.” Além da investigação, a PF prepara uma megaoperação para expulsar os garimpeiros das terras indígenas, disse Dino.

Ao mesmo tempo, uma força-tarefa do governo federal já fez entregou cinco mil cestas básicas, em um total de 85 mil toneladas de alimentos, destinada às aldeias indígenas Yanomami. Helicópteros da Força Aérea fazem a entrega dos alimentos. Na volta transportam crianças, mulheres e idosos que precisam de atendimento médico emergencial. Equipes médicas também foram enviadas à região, para tratar dos casos graves de desnutrição e desidratação.