PF apreende bens de governador do Acre, Gladson Cameli, aliado de Bolsonaro
Cameli é investigado como chefe de um suposto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro no governo do Estado
Publicado: 09 Março, 2023 - 12h52 | Última modificação: 09 Março, 2023 - 12h56
Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz
Cumprindo decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), agentes da Polícia Federal (PF) apreenderam nesta quinta-feira (9) bens do governador do Acre, Gladson Cameli (PP), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O STJ determinou o bloqueio de residências, automóveis e uma aeronave de Cameli, o proibiu de contatar outros alvos da investigação e determinou a entrega do seu passaporte em até 24 horas.
Cameli é investigado como chefe de um suposto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro no governo do Estado. As movimentações suspeitas ultrapassavam os R$ 828 milhões, segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Deste total, cerca de R$ 17 milhões eram originários de convênios federais e repasses do Sistema Único de Saúde (SUS) e Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
Operação Ptolomeu
O governador do Acre foi um dos alvos da terceira fase da Operação Ptolomeu, realizada em conjunto com a Procuradoria-Geral da República (PGR), Controladoria Geral da União (CGU) e Receita Federal em seis estados e no Distrito Federal. Ao todo, mais de 300 agentes estão em campo cumprindo 89 mandados de busca e apreensão no Acre, Goiás, Paraná, Amazonas, Rondônia e Piauí e no Distrito Federal.
Duas fases da operação Ptolomeu foram realizadas em 2021, época em que, uma organização criminosa controlada por políticos e empresários ligados a administração do Estado atuavam no desvio de verba pública e em atos de ocultação da origem e destino do dinheiro roubado por meio da lavagem de capitais.
A investigação indica pagamentos de R$ 286,6 milhões feitos para empresas envolvidas na organização criminosa desde janeiro de 2019. Os recursos federais analisados foram investidos em grandes obras de infraestrutura e manutenção de unidades de saúde e escolas, segundo o CGU.
Segundo a PF, a 3ª fase busca o ressarcimento de parte do valor desviado. O STJ determinou o bloqueio de quase R$ 120 milhões em bens dos suspeitos.
Outras 15 empresas com envolvimento no esquema criminoso tiveram suas atividades suspensas. Além do bloqueio, a Justiça decretou medidas cautelares como a suspensão do exercício da função pública, restrição do acesso às sedes de órgãos públicos e impedimento de contato entre os suspeitos, além da proibição de deixar o país.
Além do governador do Acre, a PF também está investigando desde 2021 um assessor de Cameli em Brasília, os chefes de segurança e gabinete, o secretário de Estado da Indústria, Ciência, Tecnologia e empresas com contratos ativos com o governo do estado.
Segundo a PF, aproximadamente R$7 milhões nas contas bancárias foram obstruídos e carros de luxo apreendidos. As empresas investigadas ainda não foram identificadas.
Com informações do jornal O Globo e da CNN