PF quer investigar ex-mulher de Bolsonaro por compra de mansão em Brasília
Pedido de investigação contra Ana Cristina Valle acontece em meio ao escândalo da compra de 51 imóveis em dinheiro vivo por parte de Jair Bolsonaro e seus familiares
Publicado: 31 Agosto, 2022 - 16h20 | Última modificação: 31 Agosto, 2022 - 17h16
Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz
A Polícia Federal (PF) pediu à Justiça Federal autorização para abrir investigação contra Ana Cristina Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro (PL) e candidata a deputada distrital pelo PP, por movimentação financeira suspeita na compra de uma mansão no Lago Sul, região nobre de Brasília, avaliada em quase R$ 3 milhões.
O pedido da PF foi feito a partir de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que apontou "transações atípicas" ligadas à transação financeira, além de ser “aparentemente incompatível com o exercício da função pública de assessora parlamentar”, segundo reportagem do jornal O Globo.
O Coaf, órgão ligado ao Ministério da Fazenda e formado por integrantes de vários órgãos do governo, tem a função de receber, examinar e identificar operações financeiras suspeitas. O órgao apontou ainda que o negócio da ex-mulher de Bolsonaro teria sido feito "por meio de pessoa interposta. Ela transferiu R$ 867 mil para uma empresa de transporte de cargas do Distrito Federal pertencente a Geraldo Antonio Moreira Junior Machado, que teria usado uma parte desse valor, R$ 580 mil, para pagar a entrada da compra da mansão, avaliada em R$ 2,9 milhões, em junho do ano passado. O restante do valor foi financiado.
Até agora, Ana Cristina alegava que a casa havia sido alugada, mas a versão mudou. Na declaração de bens apresentada à Justiça Eleitoral (TSE) ela admitiu ser a proprietária do imóvel que, segundo ela, valeria R$ 829 mil. O imóvel, de acordo com a reportagem, permanece registrado em nome de Geraldo Antonio Moreira Junior Machado.
O pedido de investigação da PF acontece em meio à revelação do escândalo em torno da compra de 51 imóveis, realizada mediante o pagamento de dinheiro vivo por Bolsonaro e seus familiares nas últimas três décadas. A movimentação em espécie soma cerca de R$ 13,5 milhões - R$ 25,6 milhões em valores atualizados pelo IPCA.
Segundo o UOL, fontes da PF disseram que o pedido para investigar Ana Cristina foi feito durante a apuração que analisava as relações de Jair Renan Bolsonaro, filho do presidente e de Ana Cristina, com empresários em reuniões com o governo. O delegado do caso quer apurar a legalidade da compra da casa.
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Um dia depois da denúncia sobre o espião ter sido divulgada, a superintendência da PF no DF diz que não viu crime na relação entre Renan e patrocinadores de sua empresa.
Sobre o Coaf
De acordo com a Lei nº 9.613, de 1998, os bancos, as cooperativas financeiras, joalherias, marchands, seguradoras, prestadores de serviço de assessoria e consultoria, loterias, atletas, artistas, corretoras de valores e, desde 2020, os cartórios devem informar ao Coaf sempre que identificarem transações com indícios de lavagem de dinheiro, de financiamento de atividades terroristas ou de outras práticas ilícitas previstas em lei.
Há ainda um segundo tipo de comunicação, a de Operação em Espécie (COE), feita pelos mesmos setores, e que envolve movimentações em dinheiro acima do valor estabelecido em norma,que atualmente está fixado em R$ 50 mil.