Escrito por: Redação CUT
Entre as despesas pagas pelo ajudante de ordens estão os gastos com a babá e contas da família do presidente e de pessoas próximas a Michelle. PF quer investigar origem do dinheiro e se há uso de verba pública
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou a quebra do sigilo bancário do principal ajudante de ordens do presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid. O ministro atendeu a um pedido da Policia Federal (PF), que quer investigar a origem do dinheiro usado para pagar contas da família do presidente e se há uso de verba pública.
A PF encontrou no telefone do ajudante de ordens troca de mensagens sobre transações financeiras com outros funcionários da Presidência da República que sugerem a existência de depósitos fracionados e saques em dinheiro, como ocorre em casos de rachadinhas.
Em conversas por aplicativos de mensagens, integrantes da Ajudância de Ordens trocam recibos de saques e depósitos e abordam o pagamento de boletos.
Entre as despesas pagas pelo ajudante de ordens de Bolsonaro estão os gastos com a babá, no valor mensal de R$ 2.840, pagamento de contas da família do presidente e de pessoas próximas a primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Uma das suspeitas que estão sendo apuradas pela PF com base nos diálogos é o pagamento de uma fatura de plano de saúde de um parente do casal presidencial.
As informações são do jornal Folha de S Paulo.
Rachadinha
Depósitos fracionados e saques em dinheiro são comuns em esquemas de rachadinha, quando um trabalhador é contratado por um político com o compromisso de devolver parte do salário. Muitas vezes a pessoa nem presta serviços, é apenas uma espécie de laranja, como é o caso de Wal do Assaí, apontada como funcionária fantasma do então deputado Jair Bolsonaro, na Câmara dos Deputados. Em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), ela admitiu que nunca esteve em Brasília.
Assessoria nega
A assessoria da Presidência nega qualquer irregularidade nas transações e diz que os valores movimentados têm como origem a conta particular do presidente da República.
O tenente-coronel afirma que a escolha do pagamento por meio de saques e depósitos para uma tia de Michelle se deu por razões de segurança.
"Cid não fazia transferência de conta a conta. Ele sacava o dinheiro para a conta do presidente não ficar exposta, com o nome dele no extrato de outra pessoa", diz a assessoria da Presidência.
Mas, com base nas apurações e em pedido da PF, Alexandre de Moraes autorizou a quebra do sigilo do ajudante de ordens.
As transações estão sendo analisadas no âmbito de um inquérito policial, mas ainda não há acusação ou confirmação das suspeitas levantadas pela PF.
Cid vinha sendo investigado no processo que apura os ataques ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nessa investigação, tinha sido quebrado o seu sigilo telemático (e-mails, arquivos de celular, nuvens de armazenamento). Foi com base nesse material que deparou com as movimentações financeiras suspeitas.