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Piauí sofre consequências da privatização com apagão e aumento na tarifa de energia

Demissões e privatização da distribuidora de energia refletem na qualidade do atendimento à população do Piauí. Capital, Teresina, sofreu com falta de energia por 65 horas

Publicado: 05 Janeiro, 2021 - 13h19 | Última modificação: 05 Janeiro, 2021 - 14h08

Escrito por: Rosely Rocha

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Desde que a Companhia de  Energia do Piauí (Cepisa) foi privatizada e vendida para a Equatorial Energia, em outubro de 2018,foram demitidos 1.500 trabalhadores concursados, houve aumento de 40% nas tarifas de luz e os postos de atendimento ao consumidor espalhados pelo interior do estado do Piauí e a capital, Teresina foram fechados.

O resultado foi uma queda de energia que começou no último dia do ano que só foi  normalizado 65 horas depois. As causas, segundo a Equatorial  foram as árvores que caíram em cima da rede de distribuição, após forte chuva. A zona urbana foi a primeira a ter a energia restabelecida, enquanto a zona rural até a última segunda-feira (5) registrava localidades sem energia.

“Estamos investigando quantas equipes eles tinham de plantão ou se ocorreu negligência quanto da podagem de árvores próxima à rede, mas não podemos afirmar ainda”, diz o diretor de comunicação do Sindicato dos Urbanitários do Piauí, diretor do Coletivo Nacional dos Eletricitários, Herbert Marinho.

Independentemente das causas da falta de energia, a população vem pagando a conta da privatização desde novembro de 2017 porque para vender a Cepisa, o governo autorizou um reajuste imediato de 27,5% e mais 12,5% após a privatização. No acumulado até agora as contas de luz estão mais caras 40%.

Quem também sofreu com a privatização foram os trabalhadores da Cepisa. O Piauí tinha 2.200 trabalhadores do quadro próprio e quase a mesma quantidade de trabalhadores terceirizados.

“ Tínhamos atendendo todo o estado com quase 5 mil trabalhadores, hoje a gente não tem como dizer a quantidade total por que a empresa não nos dá acesso ao número de terceirizados. Os concursados são agora somente 650”,  critica Herbert, que é trabalhador da  Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf/Piauí)

População reclama, mas não é atendida

Para o diretor do CNE desde que fecharam os postos de atendimentos e foi demitida a reserva técnica de trabalhadores da Cepisa, que não repassou o conhecimento para os novos trabalhadores novos, a Equatorial pode ter diminuído o número de plantonistas, refletindo na  qualidade do atendimento das reclamações.

Piauí X Amapá

Diferente do que aconteceu no Amapá, que ficou três semanas em novembro de 2020 sem energia,  onde o serviço era feito exclusivamente pela transmissora do estado e que não investiu em novas subestações como alternativa em caso de desligamento e reestabelecer o sistema, a situação no Piauí só não chegou ao mesmo patamar porque  tecnicamente existe o atendimento da Chesf, empresa geradora de energia, que tem três subestações na capital Teresina.

“Se o Piauí fosse coberto apenas pelo serviço privado poderia até ser que no futuro isso pudesse acontecer, mas como tem uma empresa pública aqui essa a população está um pouco mais segura. Mas, infelizmente, a Chesf, do sistema Eletrobras, também está na mira de privatizações do governo Bolsonaro”, afirma Herbert.

A Equatorial é responsável pela rede de distribuição em todo o estado do Piauí. A empresa pública, Chesf é a geradora de energia, contudo também tem subestações que liga à geração, passando pela transmissão e chegando até a rede de distribuição da Equatorial.