Escrito por: Luciano Nascimento e Bruno de Freitas Moura / Agência Brasil
A atividade da economia brasileira em dezembro de 2024 apresentou recuo de 0,7% na comparação com novembro, mas vo acumulado em 12 meses o índice teve um avanço de 3,8%.
A atividade da economia brasileira em dezembro de 2024 apresentou recuo de 0,7% na comparação com novembro, segundo o Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br) divulgado nesta segunda-feira (17), em Brasília, pelo Banco Central.
O resultado de dezembro veio após uma alta de 0,10% em novembro. Ainda de acordo com o BC, na comparação com dezembro de 2023, os dados mostram que o IBC-Br cresceu 2,4%. No acumulado em 12 meses o índice também teve um avanço de 3,8%.
O IBC-Br é considerado uma espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB).
Comparação
Já no trimestre encerrado em dezembro, o IBC-Br acusou alta de 4,4% em relação ao mesmo trimestre do ano passado.
O IBC-Br é visto como uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), calculado oficialmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice acompanha mês a mês a atividade econômica e antecipa possíveis pressões inflacionárias.
PIB alcança R$ 11,655 trilhões, diz FGV
Já a estimativa da Fundação Getulio Vargas (FGV) é a de que a economia brasileira cresceu 3,5% em 2024, resultando num Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 11,655 trilhões. O dado foi divulgado nesta segunda-feira (17) pelo Monitor do PIB, estudo que traz a prévia do comportamento do PIB, conjunto de todos os bens e serviços produzidos no país.
Em dezembro, a expansão foi de 0,3% em relação a novembro. Já o quarto trimestre teve alta de 0,4% ante o terceiro trimestre, apontando desaceleração, já que no segundo e no terceiro trimestre as expansões tinham sido maiores (1,4% e 0,8%, respectivamente).
No acumulado de 2024, houve crescimento em todos os componentes da economia, exceto a agropecuária (queda de 2,5%), que foi a locomotiva de 2023.
“A indústria, os serviços e o consumo das famílias apresentaram resultados ainda melhores em 2024 dos que os já elevados crescimentos registrados em 2023. Pode-se afirmar que em 2024, em termos de atividade econômica, o Brasil teve um ótimo resultado”, avalia a coordenadora da pesquisa, a economista Juliana Trece.
Com este resultado, o Brasil soma quatro anos seguidos de crescimento da economia. A última queda foi de 3,3% em 2020. Em 2023, o PIB teve expansão de 3,2%.
Setores
O consumo das famílias apresentou alta de 5,2% no ano passado. A chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), indicador que reflete o nível de investimento, como compras de máquinas e equipamentos, cresceu 7,6%. As exportações apresentaram alta de 3,7%.
As importações, que atuam como redutor do PIB, uma vez que bens e serviços importados deixam de ser produzidos no Brasil sendo fornecidos por outros países cresceram 14,3%.
Em valores, o PIB brasileiro atingiu R$ 11,655 trilhões, o maior da série histórica. O PIB per capita de 2024 - divisão do total da economia pelo número de habitantes - foi de R$ 56.796, também o maior da série histórica.
A produtividade da economia foi de R$ 100.699 em 2024, 0,3% abaixo do observado em 2023 e 3,3% menor que o de 2013, o ponto mais alto já atingido.
A taxa de investimentos da economia foi estimada em 17,2%, acima do registrado em 2023 (16,4%).
Para 2025
Apesar de 2024 com “ótimo resultado”, a economista Juliana Trece aponta que o ano de 2025 apresenta desafios internos e externos para a economia brasileira.
“Pelo lado interno, os juros elevados, com efeitos negativos na atividade econômica, atingem principalmente os investimentos. Já no ambiente externo, novas imposições de tarifas podem comprometer o nível das exportações.”
Desde setembro do ano passado, o Brasil enfrenta trajetória de alta da taxa básica de juros, a Selic, instrumento do Banco Central para controlar a inflação.
Quanto maior os juros, maior o potencial de frear a inflação, porém com o efeito colateral de desestimular investimentos e crescimento da economia, o que afeta diretamente a criação de empregos.Atualmente, a Selic está em 13,25% ao ano.
Por causa do comportamento da inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) já prevê mais um aumento de um ponto percentual em março. No acumulado de 12 meses até janeiro, a inflação oficial soma 4,56%, acima da meta do governo. Em dezembro, o acumulado era de 4,83%.
O outro desafio citado pela economista é a guerra tarifária comercial desencadeada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A maior economia do mundo decidiu que aplicará taxas para produtos estrangeiros que entram nos Estados Unidos, como aço e alumínio. O etanol brasileiro também tem sido ameaçado de sobretaxas.
O resultado oficial do PIB é apresentado trimestralmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O dado de 2024 será conhecido em 7 de março.