Escrito por: Redação CUT
O novo escândalo foi revelado pelo jornal Folha de S. Paulo, e aponta ainda que há problemas em mais cinco endereços da Prevent Senior na cidade de São Paulo
No centro de um dos mais perversos e desumanos esquemas contra a saúde pública desvendado pela CPI da Covid-19, a Prevent Senior mantém 7 das suas 13 unidades de hospitais e prontos-socorros funcionando sem a licença da Prefeitura de São Paulo. É mais uma das inúmeras acusações contra a operadora de saúde, que é investigada pela CPI por ter usado cobaias humanas em testes não autorizados sobre o uso de medicamentos ineficazes contra a Covid-19.
A nova denúncia, revelada pelo jornal Folha de S. Paulo, aponta ainda que há problemas em mais cinco endereços da Prevent Senior na cidade de São Paulo. A falta de licença de funcionamento foi informada nesta segunda-feira (4) pela prefeitura em relação a hospitais nos bairros de Santana, Santa Cecília, Liberdade, Jardim Paulista e Pinheiros.
A Secretaria Municipal de Subprefeituras informou por meio de nota que as unidades Jardim Paulista, na avenida Brigadeiro Luís Antonio, e Pinheiros, na rua Cristiano Viana, onde funcionam um pronto-socorro e leitos de internação, foram multadas na última sexta-feira (1º) em R$ 33,7 mil e R$ 91,6 mil, respectivamente.
Os demais endereços foram alvo de fiscalização para a aplicação de multas nesta segunda-feira. Ao todo, nas ações recentes da gestão municipal, a empresa já foi multada em R$ 260,3 mil.
Segundo apuração da Folha, a unidade da Mooca foi inaugurada sem alvará da Vigilância Sanitária. Já a unidade Santana, inaugurada em 2018, estava com a solicitação de licença em análise por não ter sido apresentada parte da documentação necessária, como o certificado de conclusão da obra, segurança da edificação, entre outros papéis.
A unidade Liberdade, inaugurada em 2020, funciona sem licença e foi alvo de fiscalização nesta segunda-feira (4). O mesmo ocorreu com a unidade de cirurgia eletiva Santa Cecília, na rua Jaguaribe, para a qual também não foi emitido o documento.
A operadora de saúde vem sendo alvo de protestos em suas unidades, como foi o caso da unidade Paraíso que teve a faixada do prédio manchada com tinta vermelha, lançada por manifestantes na última semana.
Procurada pelo jornal, a Prevent Senior afirmou que desconhece as informações apresentadas pelo Folha e pela Prefeitura de São Paulo.
Entenda o caso
A Prevent Senior é investigada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado por conduta antiética e anticientífica na pandemia. Pesam sobre ela denúncias de alteração de prontuários médicos para maquiar mortes por Covid-19, realização de pesquisa médica sem consentimento de pacientes e distribuição de medicamentos ineficazes para o chamado tratamento precoce da doença.
À CPI, o diretor-executivo da empresa, Pedro Benedito Batista Junior, confirmou que os médicos eram orientados a modificar prontuários, após algumas semanas de internação, eles deveriam alterar a classificação internacional de doenças (CID) dos pacientes com diagnóstico de Covid-19 confirmado para outro tipo de doença.
Um dossiê elaborado por médicos e ex-médicos da Prevent Senior sugere que os atos da empresa investigados pela CPI sejam decorrentes de um acordo entre os donos da empresa – os irmãos Eduardo e Fernando Parrillo – e o governo do presidente Jair Bolsonaro.
A empresa também é alvo de investigações feitas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) e pelo Ministério Público do estado.
Sua atuação diante da pandemia do coronavírus, porém, fez sua imagem circular internacionalmente como pivô de um dos maiores escândalos médicos da história do país.
Além disso, a empresa também é alvo de uma CPI na Assembleia Legislativa de São Paulo. O requerimento foi aprovado no dia 27 de setembro, mas a CPI ainda precisa ser aprovada em comissão e no plenário da casa.