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Plano golpista de Do Val e Bolsonaro foi  ‘Operação Tabajara’, diz Moraes

Ministro disse que se encontrou com o senador, agradeceu a informação, mas deixou claro que se não era oficial, não existia  

Publicado: 03 Fevereiro, 2023 - 12h16 | Última modificação: 03 Fevereiro, 2023 - 12h26

Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz

Montagem: Brasil247
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), confirmou nesta sexta-feira (3) que foi procurado pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES) no início de dezembro do ano passado. O senador falou sobre o plano golpista supostamente arquitetado pelo deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder. O ministro classificou a trama como “Operação Tabajara”.

Nesta quinta-feira (2), Do Val disse que o plano golpista envolvia Bolsonaro e Daniel Silveira, preso ontem pela Polícia Federal e anunciou que renunciaria ao mandato. Depois, voltou atrás e disse que a ideia era só de Silveira, mas Bolsonaro ouviu e nada disse. Também recuou com relação a desistir do mandato.

Leia mais: Senador Marcos do Val renuncia após denunciar Bolsonaro de coagi-lo a dar um golpe

Marcos do Val recua de renunciar ao mandato, como havia afirmado no Instagram

A ideia era manter ativos os acampamentos golpistas na porta de quartéis e gravar uma conversa comprometedora com Moraes para poder prendê-lo.

Uma ideia “ridícula”, uma “Operação Tabajara”, disse o ministro durante discurso por meio de videoconferência para um evento do Lide – Grupo de Líderes Empresariais, que está sendo realizado em Lisboa.

“Foi exatamente essa a tentativa de Operação Tabajara que mostra o quão ridículo nós chegamos na tentativa de um golpe no Brasil”, afirmou Moraes.

De acordo com o ministro, Marcos do Val solicitou uma audiência – sem adiantar qual seria o assunto – e, ao chegar ao Supremo, relatou que havia se reunido com Silveira e Bolsonaro. E que na ocasião teria surgido a ideia de produzir uma gravação clandestina em que o ministro admitiria disposição inicial de implicar Bolsonaro em atos antidemocráticos.

“A ideia genial que tiveram foi colocar escuta no senador, para que o senador, que não tem nenhuma intimidade comigo – eu conversei exatamente três vezes na vida com esse senador –, para que o senador pudesse me gravar e, a partir dessa gravação, pudesse solicitar a minha retirada da presidência dos inquéritos”, ironizou Moraes.

O ministro afirmou ter indagado a Marcos do Val se ele poderia confirmar o relato de forma oficial em um depoimento, mas o parlamentar teria dito que “era uma questão de inteligência” e que não poderia confirmar por escrito o que tinha acabado de dizer. “Eu me levantei, me despedi do senador e agradeci a presença. Até porque, o que não é oficial, para mim não existe”, disse Moraes.

Do Val depôs na PF

Em depoimento à Polícia Federal nesta quinta, o senador Marcos do Val disse que, em 7 de dezembro, Daniel Silveira estava falando com Bolsonaro pelo celular, passou o aparelho para ele e, na sequência, o então presidente teria questionado se Do Val poderia ir ao seu encontro em um local não especificado.

Ainda de acordo com o depoimento, como naquele dia ele, Do Val, estava com a agenda cheia, sugeriu que o encontro fosse no dia 9. Em seguida, Silveira disse a Do Val que aquele encontro seria uma "missão para salvar o Brasil".

Após marcar o encontro, Do Val mandou mensagem a Moraes perguntando se poderia encontrá-lo no dia 8 de dezembro, um dia antes do encontro com Silveira e Bolsonaro e relatou os fatos ao ministro.

No dia do encontro, Do Val e Silveira se encontraram no meio do caminho para que ele não chegasse a casa de Bolsonaro com um carro do Senado.

Durante a reunião, Daniel Silveira perguntou se Do Val cumpriria uma missão importantíssima, que seria gravar uma conversa com o ministro Alexandre de Moraes, e se ele conduziria uma conversa de maneira que o ministro falasse algo no sentido de ultrapassar as quatro linhas da Constituição.

Do Val disse à PF que questionou a Silveira se a gravação não seria ilegal, pois existia a possibilidade de ser preso.

Silveira respondeu que daria um jeito de tornar a gravação legal, mas sem especificar como. Do Val disse à PF ter se sentido desconfortável com a proposta e que, para encerrar, pediu alguns dias para pensar.

Enquanto isso, Bolsonaro ficou calado. Não negou o plano nem ficou contrariado. Segundo ele, o único momento em que o ex-presidente se manifestou foi quando Do Val disse que precisaria de alguns dias para pensar. Bolsonaro teria respondido que o aguardaria.