PM de Minas deve explicar prisão de homem acusado de atirar ovos em bolsonarista
Revoltados com aglomerações na manifestação realizada no sábado, moradores de um prédio jogaram ovos em bolsonaristas. A PM invadiu o prédio, algemou e levou pessoas a delegacia
Publicado: 04 Maio, 2021 - 11h07 | Última modificação: 04 Maio, 2021 - 11h14
Escrito por: Redação CUT
Doze deputados estaduais do PT, Rede, PSOL, PCdoB e PSB querem que a corregedoria da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) explique porque um mineiro de 31 anos, foi preso sob acusação de jogar ovos em manifestantes que se aglomeraram nas ruas de Belo Horizonte, no sábado (1º), para protestar contra o lockdown, pedir intervenção militar, o que é antidemocrático, e autorizar o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) a agir, não se sabe como.
O prédio de onde os ovos foram jogados, que fica na Avenida Afonso Pena, foi invadido pela Polícia Militar e por parlamentares alinhados a Bolsonaro. Eles bateram na porta do apartamento de Filipe da Fonseca Cezario, apontado como responsável pela ação e o levaram algemado para a delegacia, onde ficou detido por algumas horas e depois foi liberado. A prisão foi em flagrante, disse a PM, afirmando que tinha um vídeo do rapaz atirando os ovos, mas moradores dizem que ninguém viu esse vídeo.
O requerimento dos deputados solicitando explicações foi encaminhado à Comissão de Direitos Humanos e precisa de aprovação dos integrantes do grupo para ser remetido à PMMG, segundo o jornal Estado de Minas.
Os parlamentares também solicitaram que o Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos e Apoio Comunitário do Ministério Público de Minas Gerais (CAO-DH) participe da apuração.
A suspeita de deputados é que o Filipe tenha sofrido violações de Direitos Humanos. Os policiais alegaram que a detenção ocorreu em flagrante, diz o jornal.
“É possível que tenha ocorrido arbitrariedade e que o rapaz tenha sido preso ilegalmente. Inclusive, que a polícia tenha entrado sem mandado judicial, condição para entrar na casa de uma pessoa”, diz Cristiano Silveira (PT), que já presidiu a Comissão de Direitos Humanos da ALMG e é um dos responsáveis pelo pedido de informações.
Filipe entrará com processo por danos morais, calúnia e difamação. "Eu temo pela minha vida, a ditadura bateu na minha porta. Foi uma ação política", desabafou.
Tia, a ditadura já comecou e sou uma vítima
Nos grupos de WhatsApp circularam depoimentos de outras vítimas da ação truculenta e ilegal da PM mineira. Uma jovem que mora na Avenida Afonso Pena, por onde a manietação circulou, contou a tia que as pessoas do prédio gritaram palavras como ‘genocida’ e, assim, atiraram ovos nos manifestantes. E, afirmou, na sequencia, PMs e aliados de Bolsonaro entraram no prédio e bateram à porta de vários apartamentos. Ela abriu a porta sem saber do que se tratava e foram todos que estavam no apartamento com ela foram levados algemados e levados para a delegacia da Floresta, ainda de pijama. Segundo o depoimento, ficaram na delegacia até o anoitecer, com frio e fome e bem tarde foram liberados. A moça disse na mensagem: “Tia, a ditadura já começou e eu sou uma vítima!”
Sobre a pandemia em MG
O estado de Minas Gerais já registrou 1.378.545 casos de Covid-19 desde inicio da pandemia. Desse total, 34.396 pessoas morreram em consequencia de complicações causadas pela Covid-19. Em Helo Horizonte, são 177.432 casos e 4.338 mortes desde março do ano passado.