Escrito por: Tiago Pereira, da RBA
ONG Rio de Paz foi proibida de erguer barracos cenográficos e uma mesa com pratos vazios, que representariam a fome que assola as favelas, com o fim do auxílio
A ONG Rio de Paz anunciou que realizaria nesta quarta-feira (9) um protesto contra o fim do auxílio emergencial, que se encerra agora em dezembro. A entidade pretendia erguer barracos cenográficos, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Uma mesa com pratos vazios representaria a fome que ronda as famílias que vivem nas favelas cariocas.
A montagem, realizada por voluntários, começou ainda durante a madrugada. Foi quando agentes da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF) exigiram que a instalação fosse desmontada.
A ONG afirmou que encaminhou o pedido para a realização do evento à Subsecretaria de Operações Integradas do Distrito Federal, com toda a documentação exigida. Mas o órgão disse, contudo, que não havia sido informado das instalações no local.
A entidade destacou, no entanto, que utilizou a Esplanada dos Ministérios como local de protesto, entre 2007 e 2018, sem nunca ter sido incomodada. Para o presidente da ONG Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, que participava da montagem, trata-se de de “mais um sinal de retrocesso democrático no país”.
Ele citou o mais recente caso de violência policial, envolvendo as primas Emilly Vitória, de 4 anos, e Rebecca Beatriz, de 7. Elas foram mortas por um mesmo tiro de fuzil enquanto brincavam na porta de casa, na comunidade Santo Antônio, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, na noite de sexta-feira (4).
“No lugar de feijão e arroz, é bala”, desabafou. “Esse país, que não garante o direito à vida, quer expor a sua população à fome. São 40 milhões de desempregados. Não estou falando de vagabundos. Estou falando de miseráveis que estão procurando trabalho, e não encontram. Vão amanhecer, em janeiro, sem essa migalha dada pelo governo federal.”
Além disso, para enfatizar o “retrocesso democrático” em curso no país, Costa lembrou de outro caso ocorrido em junho deste ano, quando um grupo invadiu uma instalação da entidade, na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Um deles chegou a derrubar cruzes que simbolizavam as vítimas pela covid-19. “É uma vergonha. Amigo, lute pela democracia!”, instou o presidente da ONG Rio de Paz. “A democracia brasileira está em risco”, afirmou.
Auxilio Emergencial
O auxílio emergencial de R$ 600,00 foi aprovado pelo Congresso Nacional durante a primeira onda da pandemia do novo coronavírus com o objetivo de ajudar trabalhadores desempregados, informais e microempreendedores individuais.
O governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL), que queria pagar apenas R$ 200,00 foi obrigado a pagar o valor determinado pelo Congresso, mas quando prorrogou o benefício, Bolsonaro reduziu o valor para R$ 300,00 e fixou o término do pagamento em 31 de dezembro.