Escrito por: RBA
Investigação encontrou, por exemplo, uma imagem intitulada “A rampa” sugerindo o enforcamento do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e de aliados em dezembro
Uma devassa no celular de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança de Jair Bolsonaro, mostrou documentos e postagens comprometedoras, que complicam ainda mais a situação do aliado de primeira hora do ex-presidente. Investigadores encontraram conteúdo golpista entre as mensagens, segundo reportagem do colunista Paulo Cappelli, do portal Metrópoles.
Foi encontrada, por exemplo, uma imagem sugerindo o enforcamento do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e de aliados. Sob título “A rampa”, a imagem é acompanhada da legenda: “Os corruptos comunistas que fraudaram as eleições subirão nesta rampa em Brasília construída pelo povo brasileiro”. A “rampa” é, na verdade, uma escada de madeira que termina numa forca.
Ex-secretário de Segurança do governo do Distrito Federal, comandado por Ibaneis Rocha após o fim do governo Bolsonaro, Torres foi um dos primeiros alvos depois do ataque aos edifícios-sede dos Três Poderes, em Brasília, no 8 de janeiro. Ele foi preso no dia 14, apenas seis dias depois dos atos golpistas.
Ao chegar ao Brasil para se apresentar à Polícia Federal, alegou ter perdido o celular nos Estados Unidos. Os investigadores conseguiram acessar as informações chegando aos dados salvos na nuvem.
Anderson Torres é investigado pela chamada minuta do golpe encontrada em sua casa e por “omissão dolosa” no 8 de Janeiro. Ele viajou dois dias antes dos ataques, quando as informações já davam conta da ameaça iminente a Brasília. Seu destino foi Orlando, na Florida, onde também estava Bolsonaro.
No aparelho do ex-ministro bolsonarista, foi encontrado material convocando para “concentração nos quartéis” para “exigir intervenção federal”. Tais convocatórias foram encontradas entre mensagens de muitos criminosos presos e a expressão foi usada por familiares de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, em diálogos capturados.
Acusações de fraude nas urnas, críticas ao STF e, principalmente ao ministro Alexandre de Moraes, estão entre as mensagens acessadas na nuvem do celular de Torres pelas investigações.
“Convocação nacional. O nosso Brasil precisa de nós! 02/11/2022. Concentração nos quartéis por todo o Brasil! Exigência para o cumprimento da intervenção federal. Compartilhem ao máximo”, diz um folder compartilhado e encontrado no aparelho. A data é três dias depois da eleição de Lula no segundo turno.
As movimentações golpistas começaram logo após o resultado da eleição no dia 30 de outubro. Caminhoneiros bloquearam estradas várias rodovias do país já na manhã seguinte ao pleito, dia 31, quando vários estados registravam paralisação do tráfego nas rodovias federais.