Policial algema homem negro em moto e pratica tortura na zona leste de São Paulo
Polícia Militar afirma que afastou agente, após video ser divulgado nas redes sociais
Publicado: 01 Dezembro, 2021 - 16h12 | Última modificação: 01 Dezembro, 2021 - 16h18
Escrito por: Redação RBA
Um policial militar algemou um homem negro a uma moto da corporação e arrastou o rapaz pela avenida Professor Luiz Ignácio Anhaia Mello, na zona leste de São Paulo. O agente foi afastado das atividades, após um vídeo ser divulgado nas redes sociais. Nas imagens, é possível ver o homem preso na moto do policial. O agente acelera e faz o homem, que luta para não cair e ser arrastado, correr. De acordo com a Polícia Militar, o suspeito furou um bloqueio policial e foi preso, metros depois.
Ao jornal Folha de S.Paulo, o ouvidor da Polícia, Elizeu Soares Lopes, disse que solicitou uma investigação por parte da Corregedoria da PM e disse que a Ouvidoria vai acompanhar o caso. Para ele, as imagens são “estarrecedoras” e lembram expedientes adotados no tempo da escravidão. “Não me vem outra imagem na minha cabeça a não ser essa. É um escárnio. A sociedade não pode tolerar um episódio desses.”
Repercussão nas redes
A imagem resultou em muita indignação nas redes sociais. O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) classificou o agente como “criminoso travestido de policial” e defendeu uma punição rápida contra o policial militar que dirigia a moto.
O jurista Luis Carlos Valois também comentou o vídeo em tom de protesto. “Em uma sociedade em que um policial acorrenta um preso na moto da corporação e o puxa em via pública de dia, não há cidadão de bem, não há bem, nem muito menos cidadão”, tuitou.
Repúdio
A CUT de São Paulo também publicou nota de repúdio contra o caso. A direção sindical diz repudiar a ação e também assemelhou a violência do policial ao tempo de escravidão. A entidade também pede responsabilização do agente. Confira o texto:
Diante desse fato incontestável, a CUT-SP repudia veementemente este retrato de escravização crua e nua, além da prática de tortura, o que é considerado crime.
Não basta apenas que a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo instaure um inquérito policial militar para apuração da conduta do agente, bem como o seu afastamento do serviço operacional, é preciso que uma ação como essa de racismo, de violência e de tortura nunca mais ocorra pelas forças policiais.
O Estado tem a responsabilidade primária pela proteção dos direitos humanos e pela garantia da integridade da vida.