População de Araraquara aprova e reelege governo de Edinho Silva do PT
Em seu quarto mandato, prefeito reeleito implementou políticas públicas no combate à Covid-19 que tornaram Araraquara referência no enfrentamento pandemia
Publicado: 16 Novembro, 2020 - 16h35 | Última modificação: 16 Novembro, 2020 - 18h02
Escrito por: Andre Accarini
Localizada no centro do estado de São Paulo, a 275 km da capital, a cidade de Araraquara, com 238 mil habitantes, é um dos exemplos de que um governo popular e progressista funciona e é aprovado pela população. Edinho Silva (PT), candidato à reeleição foi escolhido por 46,09% dos eleitores. Seu principal adversário, o cirurgião plástico Dr. Lapena, Luís Claudio Lapena Barreto, do Patriotas, obteve 35,97% dos votos.
É a quarta vez que Edinho, ex-ministro da Comunicação Social no governo de Dilma Rousseff, é escolhido como chefe do executivo da cidade. Sua primeira eleição como prefeito foi em 2000 - quatro anos depois foi reeleito. Em 2008, foi eleito deputado estadual e após passagem pelo governo federal, em 2016, candidatou-se novamente à prefeitura, conquistando ampla maioria dos votos.
Para além de várias políticas públicas voltadas a todos os segmentos da sociedade, como mulheres, negros, LGBT´s, crianças e uma política econômica que atraiu grandes investimentos para a cidade, com Edinho Araraquara se destacada como referência no combate à Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus.
A cidade tem umas das menores taxas de mortalidade por Covid-19 do estado de São Paulo e uma das menores taxas de letalidade do Brasil (1,2%), de acordo com dados da Fundação Seade. É a mais baixa entre municípios com mais de 500 casos confirmados.
A cidade chegou a ser citada por jornais internacionais, como o francês Libération, que exaltou o papel do Sistema Único de Saúde (SUS) e as políticas do governo Edinho no enfrentamento à pandemia.
Edinho afirma que a pandemia foi tratada com seriedade e que o município aumentou o rigor na fiscalização, criou uma rede de assistência à saúde, além trabalhar no sentido de minimizar os impactos econômicos da pandemia.
“Araraquara aumentou abrangência do programa de segurança alimentar do município, instituiu programas de combate à vulnerabilidade, cuidou das pessoas que estavam sofrendo do ponto de vista econômico, com os reflexos da pandemia, e cuidamos da assistência à saúde”, disse Edinho em entrevista à Rede Brasil Atual.
Claudio Maierovitch, médico sanitarista e pesquisador da Fundação Osvaldo Cruz (FioCruz) se declarou impressionado com a maneira de Araraquara de organizar no enfrentamento à Covid-19.
“Demonstrou que a aplicação dos princípios do SUS, de colocar todos os instrumentos a favor da população produz resultados”, disse o pesquisador.
Para o Dr. Claudio, a cidade é um exemplo de como a ação articulada entre a área de saúde e as demais pode conseguir resultados favoráveis
A atuação de Araraquara tem que ser levada como ensinamento para que o Brasil proteja suas populações da pandemia do coronavírus
Outro ponto que se destaca é assistência psicológica às pessoas em isolamento. A prefeitura curou um canal de entendimento a quem estivesse sofrendo com ansiedade e depressão por conta do isolamento social imposto pelas autoridades sanitárias.
Alvo do discurso de ódio
À frente nas pesquisas desde o início da campanha, Edinho foi vítima de ataques de seus adversários que, em seus programas eleitorais de rádio e TV, exploravam informações falsas para acusa-lo de superfaturamento em serviços de sinalização de trânsito.
Edinho chegou a ganhar direito de resposta por uma acusação sem nenhuma prova de feita por Antônio Clóvis Pinto Ferraz, candidato do PSL, em seu programa eleitoral na TV.
Após serem divulgados os resultados, ainda no domingo, Edinho Silva comemorou a vitória reforçando aos eleitores que sua campanha foi realizada sem ofender a ninguém, sem mentiras e baseada em propostas para melhorar a vida dos araraquarenses.
“Conseguimos construir um projeto em defesa da vida e do povo de Araraquara. Vamos honrar a opção de vocês e constituir um governo que defende a vida, a geração e emprego, trabalho e renda – a construção de uma cidade mais justa e igualitária para todos”, disse o prefeito reeleito.
Sobre os adversários políticos e eleitores que não votaram nele, Edinho reforçou, em seu discurso de vitória, que governará para todos.
Não somos adeptos do ódio e da intolerância. E nem da divisão de nossa cidade. Queremos uma cidade unida. Por isso, vamos governar para todos que querem construir uma Araraquara pautada no amor, na solidariedade, que tem a capacidade de colocar no lugar do próximo, sentir a dor do outro
O prefeito reeleito ainda afirmou que a prioridade continuará sendo defender vidas e deixar a cidade preparada para o pós-pandemia, com mais oportunidades de emprego e renda, em especial aos mais vulneráveis.
Representação petista na câmara
A mais jovem vereadora eleita em 2016, Thainara Faria (PT), à época com 23 anos, permanecerá na Câmara dos Vereadores por mais um mandato. Com 1.838 votos, ela foi a candidata mais votada da cidade.
Jovem, negra, mulher, periférica, bissexual, Thainara enfrentou o machismo e conservadorismo na câmara durante seu primeiro mandato e se manteve firme na cadeira.
Thainara afirma que Araraquara entendeu o que projeto de seu mandato representa à sociedade. “O combate à LGBTSfobia, ao racismo, o machismo, ao fascimo”, ela diz.
A vereadora também comemora a reeleição de Edinho e manutenção do número de cadeiras do PT na Câmara.
“Temos um prefeito eleito, uma mulher trans, além de mim, mais uma mulher eleita e outro companheiro reeleito”.
Thainara diz que o PT sai fortalecido em sua luta e que a meta agora é “continuar ao lado das pessoas que defendemos e consolidar o projeto de cuidar dos mais vulneráveis”.
Hoje nós somos vitoriosos, Araraquara é vitoriosa, por viver com o que é diferente, com o novo e com que a cidade quer para o futuro
Visibilidade trans
O movimento LGBT comemora a eleição da ex-assessora Especial de Políticas para LGBT´s, a candidata trans Filipa Brunelli, também do PT. Filipa comsolida assim um trabalho de luta e mobilização ao longo do período em que atuou na pasta.
Com 1.119 votos, foi a 10° maior votação entre os candidatos da cidade.
Para Filipa, a eleição de uma pessoa trans está além de um pleito municipal. Ela considera sua eleição como uma transformação política.
“São as minorias ascendendo e ocupando lugar de poder que até então serviam para oprimir nossos corpos”, diz a vereadora eleita.
Ela considera que sua luta pela visibilidade, respeito e direitos dos LGBT´s será difícil, mas garante que que terá forças para conduzir seu mandato.
Essa vitória não é só minha. É de todos os que são marginalizados e oprimidos, que foram silenciados durante décadas. Chegamos lá e de lá não sairemos
Além de Thainara e Filipa, Fabiana Virgilio e Paulo Landim também foram eleitos pelo PT