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Por estradas de rio, de lama e asfalto confira como é fazer sindicalismo na Amazônia

Desde 2013, a Caravana Bancária, do  Sindicato dos Bancários do Pará, percorre rios, estradas e céus para visitar a categoria bancária em todo o estado

Publicado: 02 Fevereiro, 2022 - 15h08 | Última modificação: 02 Fevereiro, 2022 - 15h17

Escrito por: Sindicato dos Bancários do Pará | Editado por: Marize Muniz

Sindicato dos Bancários do Pará
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O Pará possui uma área com 1.247.689 km², o segundo maior estado em extensão territorial do Brasil, onde alguns municípios são ligados por estradas, muitas sem qualquer tipo de pavimentação; mas o principal acesso de várias cidades paraenses é o rio, como Melgaço, no arquipélago do Marajó, que apesar de ser um dos maiores produtores de açaí do Estado é também a cidade com pior IDH do Brasil.

É nesse cenário de contraste entre belezas naturais e pobreza que, desde 2013, a Caravana Bancária, organizada e planejada pela direção do Sindicato dos Bancários do Pará, percorre rios, estradas e céus para visitar a categoria bancária em todo o Pará.

“De lá pra cá já chegamos a mais de 100 municípios e nosso objetivo é poder chegar aos 144”, diz a presidenta do Sindicato, Tatiana Oliveira.

De acordo com ela, para cada viagem é feita uma programação, com roteiros, para que os dirigentes consigam cumprir toda a agenda, “às vezes em um único dia, tudo que foi programado, como por exemplo, 4 cidades em um bate e volta”.

“Acordar antes mesmo de o sol nascer, tomar café na beira da estrada, por vezes o almoço é na hora do lanche para não perder o horário da balsa quando é preciso fazer travessia. É cansativo? Demais, mas é gratificante na mesma proporção, especialmente quando os colegas acreditam no nosso trabalho e se filiam à nossa entidade”, destaca Tatiana Oliveira.

O trabalho de base, o esforço dos dirigentes para estar onde o trabalhador está, é recompensado com o respeito e a adesão da categoria à entidade. O Sindicato dos Bancários do Pará é uma das entidades sindicais do ramo financeiro que tem um dos maiores percentuais da base filiada, mais de 60%.

Caravana fortalece relação sindicato-trabalhadores

E o interesse pela sindicalização, pelas ações do sindicato em defesa dos bancários e das bancárias, que a Caranava provoca aumenta a cada viagem.  A categoria sabe da importância de um sindicato forte, combativo e atuante, como relata a bancária do Banpará em Melgaço, Fabyane Cardoso.

“Sempre quis ser sindicalizada, pois acho muito importante e necessário o trabalho do Sindicato em defesa dos nossos direitos. Era para eu ter me sindicalizado no dia da minha posse, mas acabei não conseguindo e com a presença de vocês aqui na nossa agência não vou deixar passar de novo essa chance”, disse Fabyane.

Para chegar ao município, a partida da capital paraense foi no mesmo horário do pôr do sol. Foram 17 horas de viagem e uma única estrada de rio, 3 horas apenas para descida do barco, traslado de mototáxi, conversa com os bancários e bancárias até a passagem da lancha que levaria para a última parada da Caravana. O porto de desembarque fica distante do centro de Melgaço onde está a única agência bancária da cidade, o Banpará.

A visita inesperada do Sindicato causou estranheza, no primeiro momento, depois surpresa, como define a bancária Elane Machado que recepcionou a diretora do Sindicato, Érica Fabíola, que também é colega de banco da Elane.

“Não esperávamos a visita de vocês assim repentinamente, mas é muito bom saber que o Sindicato existe e hoje veio até nós durante uma pandemia, em que por várias vezes nos sentimos esquecidos em meio ao risco de infecção e reinfecção sem poder parar nossas atividades”, comenta.

A agência do Banpará em Melgaço foi inaugurada em novembro de 2015, mesmo ano da última visita do Sindicato à região, que aconteceu no mês de agosto, especialmente por causa da pandemia do novo coronavírus.

“Desde lá que a Caravana não retornou mais para esse lado do Marajó. Veio a pandemia, a eleição, e nossa rotina de visitas aos bancários e bancárias também foi alterada, conforme a flexibilização e o bandeiramento vão alterando, nós estamos aumentando a frequência das nossas Caravanas Bancárias, que só são possíveis de serem realizadas de forma presencial. Mas assim como os colegas, em nenhum momento paramos; via plataformas virtuais nos reunimos e seguimos nos reunindo pela proteção e retorno seguro ao presencial de todos os colegas. No Banpará, precisamos recorrer à justiça para garantir o afastamento do grupo de risco”, destacou Érica Fabíola.

A terceira Caravana Bancária do ano, que visitou Quatro Bocas, Tomé-Açu, Concórdia do Pará e Acará, no nordeste paraense, terminou com quase 100% das agências sindicalizadas.

Pandemia, vacina, retorno seguro e Campanha de Sindicalização e Atualização Cadastral foram os principais assuntos de uma reunião rápida, mas o suficiente para convencer novos bancários e bancárias, tanto em idade quanto em tempo de banco, a investirem em quem luta junto com eles.

“Eu ‘tô’ muito feliz por fazer parte do Sindicato que protege o funcionário, que ampara de todas as formas, em todos os sentidos. De importância fundamental, bom a gente ter a presença humana, o calor humano de vocês, isso dá mais segurança ‘pro’ nosso trabalho, pra gente realizar nossas transações e operações do dia a dia”, afirma o bancário do Banpará em Melgaço, Liciomar Gomes.

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