Porto Alegre: Ato contra privatizações da Corsan e DMAE reúne mais de 5 mil pessoas
Luta pela água e saneamento públicos reúne diversas categorias profissionais, sindicalistas, ex-prefeitos e movimento social
Publicado: 29 Junho, 2022 - 09h41 | Última modificação: 29 Junho, 2022 - 10h27
Escrito por: CUT-RS
Mais de 5 mil pessoas tomaram as ruas de Porto Alegre nesta terça-feira (28) para protestar contra as privatizações da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) e do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) e defender a água e o saneamento públicos, de qualidade e para todos.
Em assembleia realizada antes do início do ato, trabalhadores e as trabalhadoras da Corsan vindos dos mais de 300 municípios gaúchos atendidos pela empresa pública deflagraram por unanimidade estado de greve para pressionar a direção da estatal a abrir negociações para a renovação do acordo coletivo da categoria.
Na sequência teve início a caminhada pelas ruas de Porto Alegre que reuniu trabalhadores de diversas categorias profissionais, inclusive da iniciativa privada, e três ex-prefeitos da capital, José Fortunati (União) João Antônio Dib (PP) Raul Pont (PT), além de representantes da CUT e outras entidades sindicais e sociais.
Em frente a todos os órgãos públicos por onde passaram, os manifestantes pararam e discursaram sobre a importância da água e do saneamento público. E eles passaram na frente da sede da Corsan e do Tribunal de Contas do Estado (TCE), seguiram até a Praça da Matriz, onde realizaram nova manifestação em frente ao Palácio Piratini e à Assembleia Legislativa.
RS na contramão do mundo
“O Rio Grande do Sul não deve andar na contramão do mundo. Centenas de cidades estão reestatizando os serviços de saneamento por ficarem piores e mais caros nas mãos das empresas privadas, como ocorre agora com a Equatorial, que assumiu a CEEE-D”, disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto do Rio Grande do Sul (Sindiágua-RS), Arilson Wünsch.
O dirigente do Sindiágua-RS, que organizou o ato denominado “RS pela Água”, junto com o Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), pediu que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) diga não a privatização.
“Nós viemos dizer não à privatização, aqui nas ruas de Porto Alegre, junto com várias autoridades, de todos os partidos, de todas as cores, fazendo esse apelo. Que o Tribunal de Contas diga não à privatização e que o governador Ranolfo Vieira Jr (PSDB) não coloque o seu nome na lata do lixo da história. Seguimos contra privatização da água, no estado e no país”, enfatizou.
O saneamento público é um direito da população, defendeu o diretor do Simpa, Edson Zumar. “Vimos recentemente no caso da CEEE Equatorial, quanto é ineficiente e cara a privatização. Com a água será algo muito pior. Estamos mobilizando os colegas do saneamento como um todo, para que isto não aconteça. Que o prefeito Sebastião Melo (MDB) tenha a sensibilidade de ouvir a cidade e tomar a melhor decisão”, afirmou.
A privatização traz prejuízos para a população e lucro para os empresários, afirmou o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, lembrando que a justificativa do governo do estado para vender a empresa para iniciativa privada foi a de que a CEEE dava prejuízo.
“Seis meses depois distribuiu mais de um bilhão de reais aos acionistas. Quem pagou essa conta foi o povo gaúcho”, disse Cenci. Segundo ele, desde que a empresa foi privatizada, a população gaúcha só teve reajustes das tarifas e a piora do serviço. “É isso que eles querem fazer com a Corsan”, alertou o presidente da CUT-RS.
“E o TCE não pode autorizar essa privatização. Por isso, a nossa luta é todo dia. A nossa água não é mercadoria”, enfatizou o dirigente CUTista.
“Saneamento e água são vida, necessidade básica, essência do ser humano, e nós não podemos permitir que os interesses do capital dos especuladores tomem um bem público como é a água e o saneamento para depois cobrar mais caro e oferecer menos serviços e não remunerar os seus trabalhadores. Essa é uma luta de toda a classe trabalhadora”, concluiu Cenci.
“Eles que vendam o patrimônio deles e não o patrimônio do povo trabalhador”, disse o secretário de Organização e Política Sindical da CUT-RS, Claudir Nespolo.
“Água é vida. Deus botou água no mundo para os animais, para o ser humano viver. Eles querem transformar isso em empresa, em negócio para os acionistas ganharem dinheiro”, disse Claudir.